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Balcão da Fabiana: Balanço de um ano difícil e desejos para um 2024 cervejeiro melhor

Chegamos ao final de mais um ano, que, acredito, não foi muito fácil para ninguém. Assim como vi lá atrás várias cervejarias nascerem, acompanhei, com tristeza, em 2023, algumas delas morrerem. Dizem que sonhos não envelhecem, mas o que não nos contam é que sonhos podem morrer tão logo sejam realizados.

Acredito que muitas cervejarias receberam neste ano a conta de 2020, em plena pandemia, quando empréstimos, demissões de funcionários, recesso das fábricas por tempo indeterminado foram as soluções possíveis. Maktub, era pra ser. Mas que é duro ser obrigado a desistir daquilo que foi um dia o sonho mais caro, ah, isso é!

Para as cervejarias que conseguiram atravessar todas as turbulências e superaram suas dificuldades neste ano que passou, dou meus parabéns. Talvez um maior profissionalismo na gestão de seus negócios, ou maior capacidade de produção em grande escala, ou a possibilidade de ceder sua capacidade produtiva para terceiros, entre outros fatores, tenham sido o segredo para mantê-las no mercado e, assim, manter vivos seus sonhos.

Para outras que ficaram, ainda que passando por muitas dificuldades, desejo que consigam superar as adversidades e saibam se reinventar nestes novos tempos que apresentam mudanças significativas nos hábitos de consumo do brasileiro, paradoxalmente interessado em outras bebidas – as muito alcoólicas ou as não alcoólicas.

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E para o segmento cervejeiro como um todo, o que abrange não só cervejarias, mas toda a cadeia profissional em torno delas, desejo que as questões de gênero, etnia, classe social não sejam novamente jogadas para debaixo do tapete, como se não existissem. Desejo que as mulheres, gays e trans, gente preta, gente pobre tenham mais acesso não somente ao produto cerveja, mas a um mercado de trabalho em que possam existir e atuar sem medo de violência, de discriminação, de retaliações.

Podem dizer que sou sonhadora, mas eu sei que não sou a única… Quem sabe 2024 não traga boas surpresas e não seja mais necessário que ninguém mate seus sonhos, que nenhuma empresa precise fechar as portas, que a cerveja não caia em desuso e que o mercado cervejeiro, finalmente, seja equânime?


Fabiana Arreguy é jornalista e beer sommelière formada em 2010, pela primeira turma da Doemens no Brasil, através do Senac SP. Produz e apresenta, desde 2009, a coluna de rádio Pão e Cerveja, sendo editora de site com o mesmo nome e autora de livros. É curadora de conteúdo, consultora de cervejas especiais, proprietária da loja De Birra Armazém Cervejeiro, além de professora do Science of Beer Institute e do Senac MG, assim como juíza dos principais concursos cervejeiros brasileiros e internacionais.

1 Comment

  • Cilene Saorin Reply

    4 de janeiro de 2024 at 13:53

    Querida Fabiana,
    FELIZ NOVO ANO!
    Por aqui, lhe escreve uma companheira de sonhos. Muito obrigada pelo seu sensível e pragmático texto. Mesmo considerando as complexidades dos negócios e sonhos da comunidade cervejeira, talvez tudo se faria mais viável (e amável) ao dar-se conta do seu quinto parágrafo.
    Sigamos no sonho.
    Beijo,
    Cilene.

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