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Entrevista: “O movimento cervejeiro na Colômbia está prestes a explodir”

Idealizador da Copa Tayrona, Juan Carlos Torres avalia desafios e oportunidades do segmento na Colômbia e na América Latina

Em 14º lugar no ranking mundial de consumo de cerveja, de acordo com a edição mais recente do Relatório Global de Consumo de Cerveja da Kirin Holdings, a Colômbia detém uma fatia modesta no mercado de cervejas artesanais, que representa apenas 1% do consumo local em um total anual de 24,66 milhões de hectolitros anuais.

Entretanto, segundo o fundador da Master Beer e idealizador da Copa Tayrona, Juan Carlos Torres, esse cenário está prestes a sofrer uma significativa transformação. Em entrevista ao Guia, Juanca, como é mais conhecido, destaca que o movimento de cervejas artesanais na Colômbia está “prestes a explodir”, contando atualmente com mais de 600 projetos. Durante a conversa, ele também ressalta que as produções têm se voltado para a utilização de frutas e especiarias locais na fabricação de cerveja na Colômbia.

Contudo, Juanca adverte sobre a urgente necessidade de os fabricantes compreenderem seus objetivos e público-alvo para otimizar os resultados da cerveja artesanal, não apenas na Colômbia, mas em toda a América Latina, destacando desafios semelhantes enfrentados pelos países vizinhos.

Na entrevista, Juanca também convida as cervejarias brasileiras a participarem da próxima edição da Copa Tayrona, que ocorrerá em Santa Marta, de 12 a 18 de fevereiro, e está em fase final de inscrições. Ele enfatiza que a competição busca fortalecer a rede de profissionais cervejeiros na América Latina, considerando esse aspecto como fundamental para o segmento de cervejas artesanais.

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Confira a entrevista do Guia com Juan Carlos Torres:

Como você avalia o atual cenário da indústria da cerveja na Colômbia?
O movimento cervejeiro na Colômbia está em uma fase muito interessante. Em minha avaliação, está prestes a explodir. Há 20 anos, vimos o surgimento de três cervejarias. Há dez anos, surgiram cerca de mais 30 cervejarias, que construíram o caminho. E hoje temos mais de 600 projetos de cervejarias do país. O consumo, em comparação com a cerveja industrial, ainda é de 1%, mas consideramos que em dois anos estaremos em 2% a 3%, levando em conta que nos últimos dois anos houve muito progresso na cultura cervejeira, com um crescimento percentual maior do que em toda a história.

Quais são as principais tendências e inovações que você observa no setor cervejeiro na Colômbia?
A Colômbia é um país com muita diversidade agrícola, e hoje as inovações estão muito focadas no uso de frutas e especiarias locais. Da mesma forma, tem se trabalhado na incorporação de cervejas artesanais em modelos de negócios diferentes dos tradicionais.

Em sua visão, em que estágio a cerveja artesanal se encontra na Colômbia? Até que ponto ela pode avançar?
Estamos testemunhando a fase em que as cervejarias se profissionalizam a cada dia, com seus funcionários e fábricas fazendo a cada dia cerveja melhores. E os projetos estão muito mais estáveis e melhor pensados.

Quais são os principais desafios e oportunidades para as cervejarias, tanto na Colômbia quanto na América Latina?
As cervejarias da América Latina devem trabalhar juntas para criar a cultura cervejeira. Mas, juntos, devemos pensar em modelos de negócios e decidir se são focados em volume ou nicho, se seus negócios se concentrarão em bares de cerveja ou na distribuição em latas ou garrafas em grandes lojas, ou se chegarão ao consumidor final através de redes sociais e sites. É preciso estabelecer uma combinação na qual o equipamento que você tem na sua cervejaria te beneficia. É um grande erro você querer estar em todos os lugares. No final, ou não tem capacidade instalada nas fábricas para estratégias de volume ou as equipes e seus profissionais não estão preparados para uma estratégia B2C e o negócio não está prosperando, ou não tem capacidade logística para fazer B2B.

Como a colaboração regional pode fortalecer o setor na América Latina? Já há iniciativas positivas nesse sentido?
Considero que a camaradagem regional é muito importante para nos consolidarmos na América Latina. Não me refiro apenas a beber cerveja. Eventos como a Copa Tayrona nos permitem criar alianças e compartilhar conhecimento entre cervejeiros de diferentes países, comparar mercados, ver qual estratégia adotar. Os questionamentos de um país valem para os outros. Do lado técnico, ter feedback de qualidade é muito importante para aprimorar produtos. Por isso, convidamos cervejeiros verdadeiramente experientes e bem-sucedidos para fornecer ao participante uma avaliação verdadeiramente profissional que permita ao cervejeiro fazer melhorias em seus processos e ter cervejas que se destacam no mercado.

Como você vê o papel da Copa Tayrona na promoção da internacionalização das cervejarias latino-americanas?
A Copa Tayrona chega à sua quarta edição e se tornou a competição que mais prestigia na América Latina quem ganha uma medalha, já que existem competições excelentes em cada país, mas a Tayrona tem buscado a internacionalização do reconhecimento. As cervejarias da América Latina não perdem este evento, querem ganhar, pois são avaliadas por juízes de alto nível. Cabe ressaltar que a competição cobre todas as despesas desses juízes, garantindo a participação dos melhores e não daqueles que podem pagar por uma passagem de avião. A Tayrona busca ter um ambiente diferente, promovendo atividades focadas no que a cerveja transmite. Como digo, cerveja é amizade e fraternidade, bons momentos, alegria e felicidade. Por isso, realizamos networking cervejeiro em iates no coração da natureza, no Parque Tayrona. Reconhecemos o esforço que os cervejeiros fazem no seu dia a dia e queremos que passem dias maravilhosos num ambiente cervejeiro paradisíaco. O esforço para conquistar uma medalha na Copa Tayrona está gerando mais vendas por parte das cervejarias, mas também ajuda suas marcas a se tornarem conhecidas em outros países, num comércio cada vez mais global e com mercados itinerantes, o que se torna uma grande oportunidade expandir o seu negócio, entrar nos mercados de outros países através de colaborações ou querer fazer cerveja cigana em outros países sem o custo de investir numa fábrica.

Qual é o papel da Copa Tayrona na construção de uma rede de profissionais cervejeiros na América Latina?
A Copa Tayrona tem como objetivo compartilhar conhecimento técnico por meio de feedback e conferências sobre cerveja. Mas, acima de tudo, queremos criar relacionamentos que permitam compartilhar o conhecimento empresarial. As economias foram duramente atingidas e a concorrência é acirrada. Conhecer experiências de outros cervejeiros te faz pensar sobre o que você pode inovar e mudar no seu negócio. É mais fácil resolver um aspecto técnico ou comercial quando sua rede de contatos é mais profissional.

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