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10 cervejarias contam como foi o ano de 2023 no mercado de artesanais

Marcas precisaram ser resilientes e inovadoras para lidarem com obstáculos no ano recém-encerrado

No dinâmico cenário das cervejarias artesanais, o ano de 2023 revelou um panorama complexo e desafiador para as diversas empresas que compõem esse mercado. Embora o Brasil tenha experimentado um crescimento econômico, esse avanço ainda não se refletiu de maneira expressiva na expansão do segmento ou no aumento significativo da participação de mercado.

Para compreender melhor como o setor se comportou em 2023, o Guia buscou avaliações de representantes de 10 cervejarias, que destacaram os desafios econômicos como um dos principais entraves a dificultar a plena recuperação do segmento.

E para lidar com as adversidades, diferentes estratégias foram adotadas, como parcerias e a redefinição de portfólios, além de investimentos em produtos mais acessíveis não apenas ao bolso, mas também ao paladar, assim como, em alguns casos, houve um realinhamento no uso de embalagens.

Em meio aos obstáculos, inovação e resiliência emergiram como elementos-chave para enfrentar os desafios, transformando o ano de 2023 em um capítulo rico em experiências e aprendizados para a trajetória das cervejarias artesanais.

Leia também – Balcão da Fabiana: Balanço de um ano difícil e desejos para um 2024 cervejeiro melhor

Confira 10 avaliações sobre o ano de 2023 para as cervejarias artesanais:

CBCA (Gustavo Barreira, CEO)
Em um setor com poucas marcas nacionais, as variáveis locais acabam influenciando na avaliação. Em Santa Catarina, um mercado maduro, mas que depende de datas específicas, como a Oktoberfest, vimos um sofrimento expressivo com o excesso de chuvas, com cancelamentos de eventos. Então, as cervejarias foram duramente impactadas. Em São Paulo, vejo uma cena mais aquecida, com 2023 sendo um ano de retorno, de mais movimentação e eventos, com a volta das ciganas à cena. De maneira geral, vejo cervejarias se reposicionando, seja com parcerias, redesenhando o portfólio ou mesmo redefinindo seus tamanhos. Mas todas com uma dificuldade em comum: o acesso ao capital de giro, pois o dinheiro está caro e escasso.

Cozalinda (Diego Simão Rzatki, fundador)
Um péssimo ano, economicamente falando. A recuperação econômica, que este ano se apresentou nos índices, não se reverteu em retorno do consumidor às cervejas artesanais. Aparentemente este consumidor migrou para marcas premium das cervejarias mainstreams, algo totalmente esperado quando a renda e a confiança do consumidor está em baixa. A cerveja artesanal é vista como bem supérfluo e de substituição, logo, em momentos como estes, sofremos bastante. O consumidor procura opções mais acessíveis, o que leva este movimento também para bares, que procuraram com mais intensidade produtos de entrada e mais simples para alocarem em seus taps.

Além dos lançamentos, como o espetacular Projeto Manipueira, buscamos também levar produtos mais acessíveis, tanto para o paladar, quanto para o bolso, como Saisons e Chichas Contemporâneas. Todos estes desenvolvimentos dos produtos, entretanto, foi acompanhado com as planilhas financeiras que levaram a decisão de modificamos lógica de envase, dando bastante ênfase para venda em chope em detrimento de garrafa, tanto para o mercado interno quanto o externo. Todas essas ações estão gerando um impacto positivo, porém, a situação econômica precisa melhorar.

Croma (Rodrigo Nogueira, proprietário)
O mercado brasileiro da cerveja segue crescendo a cada ano, apesar das dificuldades econômicas e sanitárias causadas pela pandemia. Para as micro, foi um ano de muitos desafios, incluindo complexidade logística, complexidade tributária, inflação e juros altos e custos de insumos atrelados ao dólar.

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Esse ano foi de muitas conquistas e crescimento para a Croma, conseguimos expandir nossa produção, investimos em inovação, educamos novos clientes e conseguimos abrir mercados internacionais como na China e na Europa. Também fomos convidados pela primeira vez para um festival craft na Bélgica.

Fürst (Paulo Fürst, sócio-fundador)
Foi um ano desafiador, assim como 2022, mas fizemos apostas e investimentos, como na produção terceirizada da Lite, em lata. E estamos sentindo o retorno com a venda nas gôndolas. Fechamos o ano com um crescimento entre 10% e 15%, algo que foi limitado até pela nossa capacidade produtiva, o que nos levou a crescer para fora.

Hocus Pocus (Humberto Ribeiro, sócio em São Paulo)
O ano de 2023 foi um ano excelente para a Hocus Pocus! Foi o primeiro ano da casa em São Paulo, que foi excelente e fomos muito bem recebidos na cidade. Essa foi a nossa principal realização. Também, participar de um projeto grande como a Lapi, no Largo da Batata, onde estamos inseridos e fomos convidados a participar, foi muito gratificante.

Leopoldina (Rodrigo Veronese, mestre-cervejeiro)
2023 foi um ano em que a gente sentiu bastante a elevação dos custos por conta dos insumos e matérias-primas. Também foi um ano bem desafiador em função da retração do consumo e que – tanto para nós, como para grande parte do mercado – trouxe desafios e a constante necessidade de se reinventar, buscando novos caminhos para equilibrar as contas. Em termos de realizações, tivemos lançamentos de novos produtos e, principalmente, todos eles alinhados com a nossa estratégia, de cada vez mais seguir em um mercado ligado aos conceitos do Grupo Famiglia Valduga. Junto a isso, conquistamos premiações internacionais que nos auxiliaram a competir neste mercado tão difícil e concorrido.

Louvada (Gregório Ballaroti, sócio)
A onda de cervejarias artesanais diminuiu bastante, com a maioria não crescendo em 2023. Vemos algumas marcas indo para informalidade, o que atinge a credibilidade do setor junto a grandes empresários. Isso pode ser muito ruim para o setor no médio prazo. Foi um ano de menos dinheiro circulando, o que afetou até os números das grandes cervejarias. A salvação do setor de artesanais pode ser a consolidação das empresas mais sérias para voltarmos à animação do final da década passada.

Lumiarina (Luiz Enne, sócio-proprietário)
O setor das microcervejarias teve, na minha opinião, mais um ano desafiante, no qual, para seguirmos em frente é preciso fazer diferente. Muitos estão priorizando brewpubs próprios, inclusive revisando a necessidade de ter uma fábrica própria versus produzir como cigano, com foco nas vendas diretas para o consumidor final.

As metas definidas no início de 2023 para a minha cervejaria foram todas atingidas. O foco foi mais em redução de custos e otimização de processos, dentre eles a terceirização do envase. Podemos considerar que foi um bom ano, ainda que com desafios.

Millebier (Nelson de Araújo, sócio-diretor)
Foi um ano desafiador, mas com desempenho sólido, com um aumento contínuo no consumo e uma variedade cada vez maior de estilos e sabores disponíveis para os consumidores. Fizemos um investimento importante no aumento da capacidade de produção, algo na casa dos 60% em relação a 2022. Podemos listar uma série de desafios que nós enfrentamos e acredito que sejam os mesmos da maioria das cervejarias: a concorrência entre as marcas, a regulamentação governamental, os custos de produção e distribuição, além das mudanças nos hábitos de consumo dos consumidores.

Salva (João Luís Giovanella, CEO)
Foi um ano terrível em todos os sentidos. Preços dos insumos oscilando absurdamente, mercado consumidor de cervejas premium diminuindo junto com o poder aquisitivo das pessoas, e no Rio Grande do Sul ainda sofremos com a perseguição da Receita Estadual, que está em clara missão de destruir o setor, ainda que tenhamos uma carga tributária superior a das macrocervejarias.

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