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Escândalo com Americanas respinga na Ambev e ação cai 6% em janeiro

Americanas e Ambev têm trio poderoso de investidores como principais acionistas (Crédito: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O escândalo contábil envolvendo a Americanas respingou na Ambev em janeiro. A ação da cervejaria terminou o primeiro mês de 2023 em baixa de 5,92%, cotada a R$ 13,92. O resultado também foi provocado, na visão de analistas de mercado, pela previsão de resultados menos positivos do que a expectativa no balanço do quarto trimestre de 2022, a ser divulgado no início de março.

A queda da ação da Ambev em janeiro foi na contramão da alta do Ibovespa, o principal índice balizador da B3, a bolsa de valores brasileira, que valorizou 3,37% no período, chegando aos 113.430,54 pontos.

O recuo da ação da Ambev está relacionado diretamente com a debacle da Americanas, pois ambas têm um trio poderoso de investidores entre os principais acionistas. São eles: os empresários Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, todos listados entre os 5 homens brasileiros mais ricos.

Leia também – Brasil cai para o 24º lugar no consumo de cerveja por habitante, aponta pesquisa

Porém, se até 11 de janeiro eles eram vistos pelo mercado com admiração e respeito, uma enorme desconfiança passou a circundá-los desde a revelação da falha contábil de R$ 20 bilhões na Americanas, que não registrou o valor como dívida em seu balanço. E ainda que “de raspão”, as dúvidas também passaram a atingir a cervejaria.

Afinal, o trio tem participação direta no surgimento da maior cervejaria do mundo, a AB InBev, dona da Ambev e que tem 61,8% do capital social com direito a voto. Juntos, participaram, em 1989, da compra de participação na Brahma pelo banco Garantia, com Telles ficando à frente da marca de cerveja. Depois, nos anos 1990, já contando com o fundo de private equity GP Investimentos, participaram da histórica aquisição da Antarctica, dando origem à Ambev, em 1999.

Já nos anos 2000, depois da criação da 3G Capital, realizaram a fusão da Ambev com a belga Interbrew, em 2004. E com a aquisição da norte-americana Anheuser-Busch, fizeram surgir a maior cervejaria do mundo, a AB InBev.

Mas, claro, a atuação no setor cervejeiro foi só uma das muitas atividades dos três bilionários nas últimas décadas. E o escândalo envolvendo a Americanas os coloca – e as empresas com participação deles – sob escrutínio, especialmente porque os problemas contábeis envolvendo a varejista apareceram na sequência de uma reestruturação societária que os tirou do controle.

Bancos credores demonstraram que a Americanas e o trio perderam credibilidade ao pedirem que os acionistas sejam responsabilizados pela crise na varejista, que deve R$ 41,2 bilhões, o que corresponde a pouco mais de ¼ do patrimônio somado de Lemann, Telles e Sicupira, de, aproximadamente, R$ 160 bilhões. E a empresa entrou com pedido de recuperação judicial, em um valor que é o quarto maior da história do Brasil, só ficando atrás dos de Odebrecht, Oi e Samarco.

A descoberta do escândalo contábil da Americanas fez sua ação desabar de R$ 12,00, valor em que fechou o pregão de 11 de janeiro, para R$ 1,75 ao fim do mês, sendo que chegou a cair para R$ 0,71 no dia 20.

Assim, as preocupações envolvendo a possibilidade de que a crise pudesse atingir empresas com a participação do trio de bilionários são razões para a ação da Ambev ter caído em 8 das 9 sessões da B3 entre 11 e 23 de janeiro, com destaque para uma queda de 4,9% em um único dia (16 de janeiro), embora seguida por uma valorização de 5% na sequência (dia 17).

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Porém, relatórios apontaram ser exagerada a preocupação com a Ambev em função do escândalo com a Americanas. O Credit Suisse destacou que a crise na varejista provoca incertezas no mercado, mas não vê razões para preocupações envolvendo a cervejaria, para a qual a Americanas deve R$ 4,1 milhões.  

“Embora o caso da Americanas possa ser um problema para as ações [da Ambev], acreditamos que as preocupações são injustificadas”, diz. “A AmBev pode ser vítima do trio 3G? Em primeiro lugar, a Ambev não tem exposição a operações de financiamento de fornecedores”, acrescenta, avaliando que a cervejaria não tem o mesmo risco contábil da cervejaria.

A análise do Credit Suisse também destaca que a Ambev é uma forte geradora de caixa livre, ao contrário da Americanas, e tem passado por uma mudança de cultura.

Vale ressaltar também que a Ambev vem passando por uma transformação cultural significativa após as mudanças na gestão em 2020, saindo do chamado ‘3G-way’ em direção a um ecossistema triplo saudável e sustentável (consumidor-cliente-fornecedor)

Credit Suisse

9ª maior perda
A queda da ação da Ambev em janeiro foi a nona maior entre as ações que compõem o Ibovespa. A relação é liderada pela Raizen, com recuo de 12,03%, estimulado pela prorrogação da desoneração dos combustíveis, em um Top 5 que também conta com os frigoríficos Marfrig (11,49%) e JBS (8,69%), a Alpargatas (9,75%) e o BTG (9,17%), um dos principais credores da Americanas, com R$ 3,5 bilhões dos R$ 41,2 bilhões da dívida da varejista.

Na outra ponta, a presença em um mercado menos concorrido fez a Magazine Luiza liderar as altas em janeiro, com valorização de 61,68%. Elas foram seguidas por CSN Mineração (30,88%) e CSN (27,15%), favorecidas pela alta do minério de ferro e do aço, com Pão de Açúcar (25,42%) e Natura (25,32%) completando o Top 5.

Saída de carteira
Para fevereiro, a Ambev deixou a carteira recomendada de ações da Ágora Investimentos, que trocou quatro papéis incluindo o da cervejaria, sob o argumento de observar pouco potencial para valorização da ação após a divulgação do balanço do quarto trimestre, agendada para 2 de março.

As perspectivas para o resultado financeiro, aliás, também podem ajudar a explicar o recuo da ação da Ambev em janeiro, pois os principais bancos de investimento avaliam que o otimismo com a previsão de alta relevante no volume de cerveja consumido no final do ano deve ser frustrado pelo verão com clima desfavorável e pela eliminação precoce do Brasil na Copa do Mundo do Catar.

“Vemos direcionadores limitados para a melhor performance do papel no  curto  prazo,  levando em  consideração  que  nossas  estimativas  para  o  resultado  do  4T22  estão alinhadas às expectativas de mercado – portanto, estimamos impacto neutro com a divulgação”, diz a Ativa.

Fora do Brasil
Na Bolsa de Nova York, a ação da Ambev também apresentou desvalorização no primeiro mês de 2023. A queda, mais modesta, foi de US$ 0,04, fechando janeiro a US$ 2,68, o que representou recuo de 1,47% em relação ao término de 2022.

O ativo da AB Inbev teve o mesmo comportamento na Europa. A queda em janeiro foi de 2,1% para 55,09 euros. Foi o resultado inverso ao do papel do Grupo Heineken, que encerrou o primeiro mês de 2023 valendo 91,54 euros, com alta de 4,16%.  

1 Comment

  • Canal Click 1 Reply

    4 de fevereiro de 2023 at 01:57

    O engraçado é que isso não aflige o mercado.

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