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Mensagens preconceituosas do presidente da Abracerva são vazadas; Lapolli se desculpa

Revelação de mensagens preconceituosas se dá menos de uma semana após a Abracerva divulgar o seu código de ética para debate

Um novo caso envolvendo misoginia, racismo, xenofobia e sexismo foi revelado nos últimos dias no setor cervejeiro. Dessa vez o material, vazado de um grupo do aplicativo para telefones celulares WhatsApp, expõe mensagens preconceituosas do presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) e da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cerveja, Carlo Lapolli.

LEIA TAMBÉM – LAPOLLI RENUNCIA À PRESIDÊNCIA DA ABRACERVA APÓS VAZAMENTO DE MENSAGENS

As mensagens divulgadas são do grupo Cervejeiros Illuminati, com a maior parte do conteúdo chulo exposto tendo sido escrito por Lapolli. Nelas, ele faz comentários de teor sexista, xenófobo e racista. Publicações preconceituosas de outros participantes também foram reveladas e indicaram que a presença da diversidade ainda é bastante incômoda para vários atores do setor.

O vazamento do material se dá dias após o grupo ter outras mensagens publicadas. Elas demonstravam posturas racistas em relação a profissionais negros do segmento cervejeiro, além de outros materiais de tom preconceituoso e com ofensas a mulheres e ataques ao feminismo. Muitas delas faziam referências diretas à sommelière Sara Araújo, alvo de lamentáveis ataques sobretudo por defender, exatamente, o necessário combate ao preconceito.

Procurado pela reportagem do Guia, o presidente da Abracerva se declarou “profundamente arrependido” pelas publicações e declarou esperar que o caso “faça o setor melhorar”. Lapolli também disponibilizou mensagem que foi direcionada a membros da associação no aplicativo do Telegram em que pede desculpas pelo seu ato.

“Devo desculpas às mulheres presentes nesse grupo, e a todos os diretores e conselheiros da Abracerva. Devo desculpas a cada associada e cada associado. Creio que decepcionei todos vocês.  Hoje lendo as mensagens em voz alta aqui no meu quarto, eu vejo quão canalha, desagradável e asqueroso eu fui. Eu não posso ser assim. Tenho buscado um apoio de pessoas próximas para me entender e me reconciliar internamente com a minha consciência”, escreveu.

O novo incidente demonstra que o segmento precisa dar passos longos em busca de conscientização, além de realizar mais ações inclusivas e democráticas, combatendo o seu elitismo. E o vazamento das mensagens preconceituosas do presidente da associação se dá menos de uma semana após a Abracerva preparar e disponibilizar para debate o seu código de ética, com previsão de ser implementado em 60 dias.

O material vinha sendo preparado pela associação com o apoio e a participação do recentemente criado Núcleo de Diversidade. E contou com a presença de Lapolli na live em que foi divulgada, o que parecia ser uma demonstração de compreensão da necessidade de se debater as posturas no setor.

Ao Guia, o presidente da Abracerva afirmou que o caso de preconceito com seu próprio envolvimento “reafirma a necessidade” do núcleo e do código de ética, colocando o assunto em evidência. “O Carlo é passageiro, a Abracerva é permanente”, declarou à reportagem.

No comunicado enviado aos associados, porém, ele descartou a possibilidade de renunciar à presidência da Abracerva. E pediu apoio para realizar as mudanças necessárias no setor. No site da associação, Lapolli divulgou um texto assinado por ele e intitulado “A mudança do setor passa pela mudança das pessoas”.

“A solução fácil seria me esconder, renunciar à presidência, me encolher e ‘deixar a coisa passar’. A coisa certa é eu me expor publicamente, pedir perdão de uma forma sincera e arrependida e me comprometer com a mudança por um Carlo melhor, amigos melhores, empresa melhor, mercado melhor. Mais justo, fraterno e mais igual. Eu sei que vou ser criticado por muitos, mas eu pretendo levar adiante essa mudança da associação”, declarou aos membros da Abracerva.

Reação
Nas mensagens de Lapolli e outros participantes do grupo, as sommelières Daiane Colla e Fernanda Meybom foram citadas de modo preconceituoso. Em resposta, elas divulgaram um texto no recurso do aplicativo stories dos respectivos perfis no Instagram. E cobraram respeito às mulheres dentro do setor cervejeiro no Brasil.

“2020 e frases preconceituosas, racistas e xenofóbicas inundam grupos que supostamente serviam para contatos de trabalho. 2020 e as pessoas ainda questionam e se preocupam com a orientação sexual das outras. 2020 e o desrespeito e a hipocrisia reinam. Lobos em pele de cordeiro. 2020 e homens adultos se fazem de vítimas e utilizam a ‘desculpa’ da eterna infantilidade. 2020 e ser mulher competente ainda incomoda, ser mulher competente que se posiciona incomoda muito mais”, escreveu Daiane.

“Saber que o mercado cervejeiro era machista, sim, eu já sabia. Eles já deixam bem claro para você logo de cara. Saber que aquele grupo era machista, eu também já sabia. Agora, saber quem e o que dizem de você, não é surpresa, mas ainda é um choque pela violência e desrespeito. De minha parte, não beberei sua cerveja, não trabalharei com sua marca e muito menos recomendarei a consumidor ou outro profissional do mercado (como infelizmente já fiz). Não será nessa vida que aquela cerveja colaborativa com um grande nome do mercado cervejeiro (meu amigo de verdade) será feita com você, ‘colega’. A desrecomendação também aconteceu, viu?!”, concluiu.

Repercussão
Durante a terça-feira diversos cervejeiros, perfis de cervejarias e de entidades ligadas ao setor no Instagram fizeram referência aos fatos, repudiando as atitudes racistas e sexistas reveladas nos últimos dias. Confira algumas das postagens.

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– Nota –

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