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Exclusivo: Quase 50% das cervejarias podem falir em 3 meses, revela pesquisa do Guia

A crise que assola a maior parte dos setores produtivos brasileiros tem sido especialmente perversa com o segmento cervejeiro. Pesquisa realizada pelo Guia da Cerveja analisa os impactos da pandemia do coronavírus e mostra que quase metade das cervejarias brasileiras pode ter sua falência “agendada” para os próximos três meses.

Com o intuito de colaborar para o debate a respeito dos problemas e da busca por soluções para sair da crise, o Guia procurou ouvir donos e representantes de cervejarias de todo o país e de todos os tamanhos. E o resultado escancara, além de uma onda iminente de falências, diversas outras dificuldades enfrentadas pelas empresas.

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A pesquisa, feita entre os dias 20 e 28 de abril, ouviu 82 cervejarias de 12 estados brasileiros. Dessas, 88% fazem até 50 mil litros por mês, sendo que 62% têm produção de até 10 mil litros por mês.

A maioria, 70%, vende apenas no seu estado de origem, principalmente na sua cidade e nas vizinhas. As cervejarias que têm fábrica própria e taproom correspondem a pouco mais de 70% delas, enquanto as ciganas são 26% das marcas.

Quebradeira
As respostas apontam para uma sequência de “quebras” a partir de julho. Além das quase 50% das cervejarias que reconhecem o risco de fechar em três meses, outras mais de 25% preveem ter ter até seis meses de vida no cenário atual.

“Uma segunda onda atingiria muitas das cervejarias que chegarem de portas abertas até o fim das restrições, mas que estarão completamente endividadas”, afirma a jornalista e consultora Fabiana Arreguy, parceira da equipe do Guia na análise dos resultados da pesquisa, considerando a ajuda das medidas de socorro financeiro à indústria anunciadas pelos governos para o período da pandemia.

Na análise de Fabiana, os dados explicitam o caráter imediatista dos projetos de grande parte das cervejarias surgidas no “boom” de inaugurações nos últimos quatro anos. “Os planos de negócio para se abrir uma cervejaria no país eram imediatistas, contando quase unicamente com capital de giro, sem possibilidade de aportes para expansões e aumento da escala de produção”, avalia ela.

Nesse cenário, a renegociação de dívidas com credores e fornecedores é a principal aposta financeira das cervejarias para equilibrar suas contas: mais de 40% delas recorrem a esse tipo de acordo. As linhas de crédito específicas para o socorro a empresas na crise do coronavírus do governo federal chegaram a 12% das cervejarias, enquanto os empréstimos de bancos privados são a alternativa para cerca de 15%.

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Força de trabalho
Além das medidas financeiras, foi preciso tomar decisões práticas, que mexem nas estruturas e configurações das cervejarias. As demissões foram necessárias para 15%, enquanto mais de 50% buscaram soluções com os acordos de suspensão do contrato de trabalho e de redução de salários e jornada dos funcionários, conforme previsto na Medida Provisória 936.

Na análise de Fabiana, as cervejarias que conseguiram evitar as demissões devem mudar suas relações de trabalho após a pandemia, redesenhando as funções dos membros da equipe – que devem acumular funções. “Muitos donos de cervejarias podem voltar ao chão de fábrica, um retorno aos primórdios de seu negócio”, aposta.

Vendas e faturamento
Após mais de 40 dias de quarentena em praticamente todo o território brasileiro, as cervejarias já conseguem enxergar com certa clareza o tamanho dos estragos financeiros.

Quando perguntados a respeito de seu faturamento em março, o primeiro mês com medidas restritivas, 98% dos participantes da pesquisa afirmam que tiveram queda de receita. Para mais de 60% das empresas, a redução do faturamento foi de mais de 50% em relação ao mês anterior.

A grande aposta para reverter o cenário é o serviço de delivery: 34% das cervejarias não trabalhavam com essa modalidade e passaram a fazer entregas em sua região, enquanto outras 15% aumentaram sua operação. Já as vendas online são alternativas adotadas por quase 18%.

Para Fabiana, esses canais tendem a se fortalecer após a crise. “Quem usar este tempo para se familiarizar e aprender a lidar com o e-commerce vai ganhar lá na frente, ampliando seu poder de venda e sua capilaridade”, afirma.

No infográfico abaixo, conheça os principais destaques da pesquisa.

Os resultados completos serão divulgados pelo Guia na próxima semana.

5 Comentários

  • JOCA Reply

    30 de abril de 2020 at 10:19

    Belo trabalho… sugiro que tenhamos mais pesquisas. Hoje INFORMAÇÃO é o grande capital estratégico para tomadas de decisão. Joca Cervejoca.

  • Luiz Guerreiro Reply

    30 de abril de 2020 at 20:52

    Preocupante essa situação. Parabéns pela reportagem, pois o texto apresenta um cenário, complicado, contudo já demostra a quem pretende entrar neste ramo algumas medidas que devem ser tomadas.

  • Flavia Reply

    1 de maio de 2020 at 20:24

    Existem mais de mil cervejarias no Brasil, e vocês coletaram informações de apenas 82 delas. O título da matéria é confuso.

    • Ivan Tozzi Reply

      4 de maio de 2020 at 18:20

      Qualquer metodologia de pesquisa leva em consideração uma amostragem. E dentro dessa amostragem há uma margem de erro. Mesmo que essa pesquisa não represente a totalidade das empresas, ela traz um número muito próximo da realidade e portanto é suficiente para o propósito da reportagem.

  • Jorge Reply

    7 de fevereiro de 2023 at 08:20

    Estou lendo essa materia em fevereiro de 2023. Por favor coloquem data na materia. Parabéns pela materia. De fato essa pesquisa foi ocmprovada? Realmente 50% das cervejarias fecharam?

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