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“Sem quebras, pressão sobre preço da cevada será menor”, prevê especialista

Para Alexandre Karkle, menor demanda e custos reduzidos da cevada refletem moderação econômica global

A pressão sobre os custos de insumos cervejeiros, que provocou altas históricas nos preços da cevada e do malte no ano passado, não deverá se repetir na safra atual. A expectativa, inclusive, é de que possa ocorrer recuo no valor da cevada, desde que não ocorram alterações relevantes de demanda ou impacto do clima.

“A perspectiva é de retração na média dos preços para 2024, não tendo quebra de safras da cevada em países como Argentina e Austrália”, afirma Alexandre Karkle, responsável pela originação de grãos e gestão de risco da Cooperativa Agrária.

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A expectativa de menor pressão sobre os preços do insumo, com perspectiva de eventual redução dos custos para as cervejarias, foi apresentada nesta segunda-feira (19), na palestra que abriu a edição de 2023 do Congresso Técnico Internacional, promovido pela Agrária Malte, em Entre Rios, distrito de Guarapuava (PR).

Esse cenário é possível pelo freio na demanda por insumos, um fator provocado pela modesta expansão da indústria cervejeira, que não tem registrado crescimento relevante ao longo da primeira metade de 2023. No primeiro trimestre, de acordo com seus resultados financeiros, a AB InBev teve alta de apenas 0,8% no volume de cerveja, na comparação com o mesmo período do ano anterior, enquanto o Grupo Heineken apresentou recuo de 3%.

Adicionalmente, a expectativa é de que seja colhida uma cevada de melhor qualidade. Além disso, há menor demanda pelo insumo. “O mundo deverá ter a menor importação de cevada dos últimos três anos”, destaca Karkle, apontando que a China tem grande impacto nessa menor busca pela cevada, pois a sua compra junto a outros países está no menor nível dos últimos quatro anos. “Ter a China assim é importante para não ‘estragar’ a dinâmica do mercado.”

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Cenário global
Durante a sua apresentação, Karkle destacou que a menor demanda e pressão sobre os preços da cevada repete o comportamento de outras commodities, sendo parte de um contexto mais amplo, provocado especialmente pela desaceleração da economia global.

Para o cenário se inverter, alguns aspectos macroeconômicos também teriam de mudar. Em sua visão, se no Brasil e nos Estados Unidos o mercado já trabalha com a perspectiva de queda nos juros, a economia europeia parece longe de emplacar uma nova fase de expansão, convivendo com uma inflação que deve demandar uma recessão para ser aplacada. E a atividade econômica mundial tem, nesse momento, a sua recuperação apoiada muito mais pela área de serviços do que pela atividade industrial.

Outro fator que pressionou os custos em 2022, a alta da energia na Europa, em grande parte estimulada pelo início da guerra na Ucrânia, não está encerrada. Mas, em parte, nações do Velho Continente encontraram saídas que ajudaram a reduzir parte do crescimento dos preços.

Por fim, há o próprio freio do setor cervejeiro, que deve evitar uma grande pressão da demanda, mesmo diante da perspectiva de nova redução na área de cultivo e da produção total do cereal. A fabricação, segundo estimativas recentes, será a menor para os últimos três anos na Europa e no Reino Unido, assim como a oferta na Rússia e na Ucrânia continua sendo impactada pela continuidade do conflito.

A contínua redução da área de plantio causa preocupações por possíveis flutuações imprevistas, com Karkle citando o impacto da chuva na colheita na Rússia e da seca que afeta o rendimento na Escandinávia. “Qualquer mudança na oferta deixa o mercado mais volátil”, alerta o especialista da Agrária.

1º dia
Além da participação de Karkle, o primeiro dia do Congresso Técnico Internacional contou com a palestra magna de Alírio Caldera, da Weyermann, sobre estabilidade de espuma de cerveja, e encerrou com uma mesa redonda sobre novas perspectivas tecnológicas de malte.

Novidade da programação do evento em 2023, as palestras simultâneas envolveram temas como aumento de eficiência no processo produtivo, melhoria do shelf life, sensorial como ferramenta de qualidade e sua influência no consumo, clean label e propriedades técnicas das garrafas de vidro.

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