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7 avaliações sobre a participação feminina no setor cervejeiro

Para Amanda Reitenbach, fundadora do Science of Beer, presença feminina no setor tem se fortalecido, mas ainda pode evoluir muito

Há espaço para o aumento da participação feminina no mercado de cervejas, mas existem obstáculos que dificultam esse processo. Essa é a avaliação de Amanda Felipe Reitenbach, fundadora e CEO do Science of Beer Institute, escola focada na educação cervejeira.

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Para ela, a indústria cervejeira reflete a luta que as mulheres precisam encarar em uma sociedade machista. Ainda assim, elas têm conseguido aumentar seu espaço, seja como consumidora, o que forçou o reposicionamento publicitário de algumas marcas, como também em áreas como produção e gestão de negócios.

Cientista e empreendedora, Amanda fundou em 2010 o Science of Beer, instituição que oferece cursos sobre cerveja no Brasil. Confira a sua avaliação sobre os desafios e as perspectivas da participação feminina no setor.

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1- Machismo como barreira para as mulheres
Na avaliação de Amanda, suplantar o machismo ainda é o principal desafio para as mulheres no setor cervejeiro. “Ser empreendedora e ter uma empresa feminina no setor cervejeiro sempre foi um desafio, e ainda é, principalmente quando as conexões e o trato diário são com homens. Ainda existe muito machismo e percebo isso em alguns projetos que executo. Lógico que há também o outro lado: muitos homens estão ajudando a construir um espaço mais inclusivo e a apoiar mulheres empreendedoras. Mas, infelizmente, existe a parte de masculinidade tóxica em que um ou vários homens não toleram uma mulher empreendedora, não toleram que uma mulher lidere uma equipe ou ocupe uma posição de destaque em um projeto grande. Eu já escutei isso, já vivenciei esse tipo de situação e há alguns anos luto para me posicionar profissionalmente e como mulher dentro de alguns projetos, mas nem sempre essa é uma batalha vencida”, lamenta a CEO do Science of Beer.

2- Tentativa de silenciamento das mulheres
Um exemplo claro do machismo, na avaliação de Amanda, se dá em tentativas – veladas ou não – de silenciar a opinião das mulheres. “As mulheres são constantemente silenciadas de uma forma muito velada, não é uma coisa super escrachada e que todo mundo observa e vê. Mas já participei, por exemplo, de reuniões em que eu não podia falar, não podia expressar a minha opinião porque todos ali eram homens e estavam se posicionando de uma forma muito forte e não deixando que eu falasse”. Esse silenciamento, segundo ela, não está apenas em uma fala direta, mas pode vir em atitudes e outras formas de manifestações. “Nem sempre a pessoa precisa dizer que você não pode estar ali como mulher, que a sua opinião não é considerada. Abafar a sua opinião, não deixar você falar, não aceitar a sua ideia são formas muito claras de machismo.”

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3- União para fortalecer a participação feminina
Nesse cenário de desafios, Amanda enxerga a união entre as mulheres como um importante aspecto para fortalecê-las no setor. “Às vezes a masculinidade tóxica e o machismo acabam vencendo e isso é lamentável. É por isso que a gente precisa de mais união, mais força das mulheres e maior consciência do mercado como um todo para entender que existem, sim, intervenções machistas que dificultam o trabalho das mulheres que muitas vezes se calam por medo do preconceito e das críticas que o mercado pode trazer”, aponta a executiva.

4- Ter outras mulheres como referência e inspiração
A ampliação da presença feminina no setor cervejeiro serve como “espelho” e inspiração para outras mulheres, segundo Amanda. “Hoje eu recebo frequentemente mensagens de mulheres que se inspiram no meu trabalho”, diz ela, lembrando, por sua vez, pessoas que inspiraram sua trajetória. “Outras mulheres fortes cumpriram esse papel e abriram um caminho muito anterior e eu me inspirei nelas. Figuras como Kátia Jorge e Cilene Saorin, que têm décadas de experiência, foram essenciais para o amadurecimento do mercado e para inspirar outras mulheres. Uma mulher sempre se inspira em uma mulher e por isso a gente vê esse movimento crescendo mais forte.”

5- Falar sobre o preconceito
A empreendedora avalia que ampliar a presença feminina e colocar o assunto do machismo em pauta são outras ações fundamentais para combatê-lo. “Ter cada vez mais mulheres no mercado e contar com movimentos feministas em geral também a favor da cerveja é de extrema importância para que a gente lute contra esse preconceito que é velado e que todas as mulheres que trabalham no setor passam ou já passaram. Precisamos falar sobre isso, precisamos trazer luz ao assunto para entender que não é mimimi, não é um a reclamação isolada. É uma situação que nós mulheres passamos e identificamos, e que a gente não quer que faça mais parte do trabalho de nenhuma mulher.”

6- Aumento da busca por qualificação
Amanda também vê que a busca por qualificação através da realização de cursos tem aumentado por parte das mulheres. E esse é um caminho importante para ampliar a participação feminina no setor. “Felizmente vemos cada vez mais mulheres procurando cursos, se identificando e fazendo da cerveja uma profissão. No caso do Science, percebo que muito disso vem da minha posição como mulher empreendedora, pesquisadora e cervejeira”, avalia.

7- O cenário cervejeiro para mulheres no mundo e no Brasil
Embora enxergue crescimento da participação feminina no setor cervejeiro nacional, Amanda ainda vê o país atrás dos Estados Unidos e da Europa. Para ela, igualar o cenário internacional só será possível com a ampliação da inclusão como um todo.

“Com relação a outros países, o que eu observo na Europa e nos Estados Unidos, por exemplo, é que a participação feminina no mercado cervejeiro também está crescendo e que elas têm um apoio mais forte dos homens do que temos aqui. Então a questão da igualdade de gênero já é um pouco melhor entendida. Nos Estados Unidos, a Brewers Association faz uma campanha para que todos os seus trabalhos e projetos não façam distinção de gênero, raça ou orientação sexual. É uma bandeira muito forte da Brewers Association, que é a maior entidade de cervejeiros e que inspira tantos trabalhos no mundo. Mas, no Brasil, ainda precisamos de uma inclusão maior. E não só para as mulheres, mas para outras causas também: dos negros, das diversidades sexuais, de todas as outras minorias que precisam se sentir incluídas na fala da cerveja artesanal. Por tantos preconceitos que a gente vê por aí, essa diversidade é uma questão que ainda não vemos sendo pautada nos ambientes cervejeiros”, conclui.

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