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Ação da Ambev dispara após balanço e tem maior alta em mês de perdas do Ibovespa

Valorização de 11% da Ambev em outubro foi impulsionada pelo resultado financeiro da companhia no terceiro trimestre

Em mais um mês de perdas do Ibovespa, a Ambev seguiu caminho oposto. Enquanto o principal índice da B3 despencou 6,74% em outubro, a ação da multinacional teve a maior alta entre as listadas na Bolsa de Valores, com uma valorização de 11,05%, um resultado influenciado pelos efeitos do balanço do terceiro trimestre da Ambev, divulgado na última quinta-feira.

A ação da Ambev fechou o pregão da última sexta cotada a R$ 16,99, revertendo uma tendência de leve baixa no mês, algo que vinha apresentando até a véspera da divulgação do balanço, na quarta-feira, quando valia R$ 15,22. Depois, porém, terminou outubro com valorização de 8,71% em 2021. E seguiu em alta no início desta semana, tendo fechado a segunda-feira já valendo R$ 17,36. Ou seja, nas três sessões após a publicação do balanço da Ambev, a ação valorizou 14,06%.

Leia também – Ambev lucra R$ 3,7 bi no 3º trimestre e tem produção recorde em 12 meses

Fica claro, assim, que o mercado aprovou o resultado financeiro da empresa, avaliando que ela está conquistando mercado no Brasil. A XP Investimentos, por exemplo, revela em sua análise do balanço que foi surpreendida positivamente com o aumento do volume de bebidas fabricadas pela Ambev em 7,7% na comparação anualizada entre o terceiro trimestre de 2020 e o mesmo período de 2021, para 45,655 milhões de hectolitros produzidos.

“Principalmente devido a um desempenho melhor do que o esperado na unidade Cerveja Brasil (+9% A/A e +19% vs. XPe), o que consideramos positivo dada a base de comparação mais difícil. Oito dos dez principais mercados da Ambev já estão crescendo acima do 3T19”, afirma o texto assinado por Leonardo Alencar e Pedro Fonseca.

A euforia com o desempenho da Ambev no terceiro trimestre pôde ser vista no título da análise – “Eles não sabiam que era impossível, então fizeram” – do Credit Suisse e no subtítulo “Desempenho de vendas estelar com volumes em alta”. E o material produzido por Marcella Recchia ressalta como os bons resultados vieram mesmo diante da comparação com uma base difícil, o terceiro trimestre de 2020.

“Incansável em manter o ímpeto de líder, a Ambev mais uma vez superou a marca de vendas, o que sustentou seus volumes para atingir o nível recorde no 3T21, mais impressionante, considerando as comparações difíceis do ano passado”, destaca a análise. “Volume de cerveja do Brasil cresceu 7,5% a/a, em uma base de comparação de 25% a/a 3T20 (+ 35% vs. 3T19), superando a queda de 15% da Heineken e superando materialmente todas as expectativas do mercado de um ligeiro declínio.”

Já a análise do BTG Pactual destaca que havia uma expectativa da sua equipe de redução de 5,7% no volume de cerveja da Ambev no Brasil, mas que o balanço apontou uma alta, indicando que a companhia conquista mercado enquanto concorrentes dentro do setor enfrentam dificuldades.

“Inovação está obviamente desempenhando um papel importante, representando mais de 20% das vendas e fomentando situações de necessidade de cerveja e ocasiões de consumo. Mas depois que a Heineken relatou uma queda de volume de meados de 15% (com marcas econômicas caindo 40% a/a) e com os engarrafadores lutando com a transição do contrato de distribuição, a Ambev claramente conseguiu agarrar muita dessa participação, principalmente com suas marcas principais”, descrevem Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG.

A XP aposta, ainda, que a Ambev terá mais concorrência no mercado premium, pois o Grupo Heineken decidiu focar suas atenções neste segmento, como destacado nos comentários do seu relatório financeiro global. Mas avalia que esse contexto pode ser aproveitado com as suas marcas mainstream.

“Como a principal concorrente da Ambev tem buscado reequilibrar seu portfólio também interessado em aumentar a participação de produtos premium, esperamos ver uma melhora nas marcas convencionais para a Ambev, mas um cenário mais competitivo nos produtos premium, o que poderia afetar negativamente o desempenho de produtos recém-chegados (por exemplo, Spaten)”, pondera a XP.

Esse reordenamento do mercado também é citado pelos analistas do BTG, apontando que a Ambev pode se aproveitar do reajuste da estratégia do Grupo Heineken para conquistar mercado. “À medida que a concorrência faz a transição para um novo modelo de distribuição e capacidade da indústria apenas gradualmente entra em ação, a Ambev está aproveitando a oportunidade para reconquistar espaço nas principais marcas que estavam defasadas por vários anos, mesmo que à custa da lucratividade.”

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O câmbio e o preço alto das commodities é uma preocupação dos analistas a respeito do balanço da Ambev, embora destaquem que isso – reportado no balanço – já era esperado. “O crescimento da receita, no entanto, não foi seguido pelo crescimento de margens operacionais, uma vez que o real se desvalorizou em relação ao dólar e os preços das commodities permanecem elevados no mercado internacional. Ambas as variáveis ​​devem ter um impacto maior nos demais players do setor, portanto ainda vemos Ambev superando seus pares e melhor posicionada para uma recuperação do setor através de inovação comercial e melhor portfólio”, destaca a análise da XP.

O JP Morgan, por sua vez, elogia o crescimento do volume e da receita, provocada pela alta dos preços, como bons aspectos do balanço da Ambev, mas cita os desafios dos custos, apostando que eles ainda deverão aumentar nos últimos três meses de 2021.

“Este trimestre segue tendências semelhantes visto no 2T com volumes aumentando fortemente (volumes de cerveja no Brasil cresceram 7,5% de uma base forte) e repasse de preços significativamente acima da inflação. No entanto, os custos e SG&A (despesas com vendas, gerais e administrativas) permanecem elevados, prejudicando as margens para expandir”, avalia o JP Morgan.

E o preço-alvo?
Em sua análise do balanço da Ambev, a XP aponta um preço-alvo de R$ 20 para a ação da companhia, bem acima, portanto, dos R$ 17,36 da última segunda-feira.

Reiteramos nossa recomendação de compra com preço-alvo de R$20/ação para o fim de 2021 pois acreditamos que a empresa está superando seus concorrentes e está melhor posicionada para uma recuperação do setor

Leonardo Alencar e Pedro Fonseca, analistas da XP Investimentos

Já o BTG é bem mais cauteloso, vendo esse atual momento da Ambev como transitório dentro do mercado. Assim, sugere neutralidade a respeito da ação da companhia, com preço-alvo de R$ 17 depois da publicação do balanço. “Pode a Ambev reacender o poder de precificação e recuperar margens (unitárias ou percentuais) de modo que permita que o desempenho de primeira linha flua para os resultados financeiros?”, questiona.

O Credit Suisse, por sua vez, definiu um preço-alvo de R$ 18,50, enquanto o JP Morgan repete a posição de neutralidade do BTG a respeito da ação da Ambev, mesmo após os seus elogios ao balanço do terceiro trimestre.

A bolsa em novembro
O bom resultado da Ambev não escondeu que outubro foi mais um mês ruim na bolsa de valores brasileira, a ponto da baixa de 6,74% ter sido a pior da B3 em 2021. E isso acentuou as perdas em 2021, agora em 13,38%, com o Ibovespa alcançando 103.500,71 pontos até a sessão da última sexta-feira.

Além disso, das 91 ações que compõem o índice Bovespa, apenas 12 valorizaram em outubro. Dessas, somente o papel da Ambev e o do BB Seguridade (10,73%) tiveram altas de ao menos 10%.

E mais de 13 ações do Ibovespa fecharam o mês com desvalorização de 20% ou mais. A maior delas foi a da Méliuz, de 44,93%. Azul, Gol e CVC, companhias vinculadas às viagens aéreas e ao turismo, perderam 31,69%, 26,7% e 25,79%, respectivamente. E a Alpargatas complementa esse Top 5, com desvalorização de 26,84%.

As razões para o mês ruim do mercado financeiro nacional foram muitas. No cenário interno, o alarme se deu com a sinalização de que o governo federal vai estourar o teto fiscal em 2021 para pagar o Auxílio Brasil, uma versão modificada do Bolsa Família, uma situação que, inclusive, provocou alta acima da prevista inicialmente da Selic, a taxa básica dos juros – subiu 1,5%, para 7,75%. Já externamente há preocupações com a crise imobiliária na China, envolvendo a incorporadora Evergrande, e o ritmo de crescimento da economia mundial.

O mercado externo
O cenário de valorização da ação da Ambev no Brasil se repetiu com as duas principais indústrias cervejeiras na Europa. O papel da AB Inbev terminou outubro com preço de 52,77 euros. Assim, apresentou alta de 7,37% no mês, ainda que acumule queda de 7,44% no acumulado do ano.

A ação da Heineken, por sua vez, fechou a última sexta-feira cotada a 95,82 euros. Valorizou, então, 6,23% em outubro. E, em 2021, registra alta de 5,04%.

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