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Artesanais ampliam uso de ingredientes locais e valorização da cultura

Uso de frutas vem se tornando tendências entre diversas marcas de cerveja

A cerveja brasileira está ficando mais nacional. Seja pelo desejo de diferenciação através da utilização de ingredientes locais, pela proximidade do que se cultiva aqui ou pelo aumento da oferta de insumos produzidos no país, o fato é que as marcas artesanais têm recorrido com maior frequência a produtos nativos, deixando seus rótulos mais “brasileiros”.

É uma transformação na indústria, com a valorização de insumos e ingredientes nacionais, com marcas artesanais utilizando produtos como madeiras brasileiras, frutas locais ou mesmo insumos, através da incipiente e crescente cultura do lúpulo, para se diferenciar em um mercado que reúne mais de 1.500 fabricantes.

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“Como tendência, penso no crescente movimento de estudo, conhecimento e introdução de matérias-primas originais dos biomas brasileiros. Das frutas exóticas da Amazônia, Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica às cepas de leveduras. Das madeiras de envelhecimento às resistentes flores de lúpulo”, afirma Cilene Saorin, diretora da Doemens Akademie no Brasil.

Essa aposta em matérias-primas locais também se relaciona com um maior foco das marcas artesanais brasileiras em se aproximarem da gastronomia, como observa a sommelière de cervejas Bia Amorim. “Virou tendência olhar para a cerveja dentro do escopo da gastronomia, do terroir e buscar alternativas. Virou tendência usar lúpulo brasileiro, micro-organismo nacional, insumos plantados ou insumos nativos, mas ainda em pequena escala”, diz.

Na prática, a sommelière de cervejas Paula Pampillón, que recentemente esteve presente ao Concurso Brasileiro de Cervejas, uma das principais competições do setor, como jurada, destaca a percepção de como as artesanais têm apostado em ingredientes locais – e com sucesso – em seus processos produtivos, explorando sementes, madeiras e frutas nas produções. E tendo a excelência de suas cervejas reconhecida não só pelo consumidor, mas também nas avaliações realizadas pelas premiações.

“O que mais me chamou a atenção foi a utilização de insumos nacionais, enaltecendo nossa cultura cervejeira com utilização de madeiras brasileiras, frutas regionais e afins. Foi fantástico ver a nossa diversidade tão bem representada. É impressionante como há um domínio maior do processo para que essas características sejam evidenciadas e, consequentemente, avaliadas”, diz.

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Lúpulo cresce
O estímulo ao uso de ingredientes nacionais na produção de cervejas também tem ganhado força por causa de um dos insumos mais importantes na fabricação da bebida, o lúpulo. De acordo com pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Produtores de Lúpulo (Aprolupulo), há a expectativa de que 42 toneladas sejam produzidas em 2023.

“A tendência, como já se anunciava em 2021, são as cervejas 100% brasileiras, feitas com insumos nacionais, alavancadas pelo incremento da produção de lúpulo em diferentes estados brasileiros”, afirma a jornalista e sommelière de cervejas Fabiana Arreguy.

Esse crescimento do cultivo do lúpulo é resultado de um processo iniciado em 2015 e que hoje envolve, de acordo com a Aprolupulo, 81 projetos de cultivos no país, espalhados por 11 diferentes estados.

Penso que podemos esperar, por exemplo, avanços nos cultivares de lúpulos brasileiros. Esse movimento começou fortemente a partir de 2015 e o ciclo para resultados de viabilidade se acerca (normalmente tem duração aproximada de 7 anos)

Cilene Saorin, diretora da Doemens Akademie no Brasil

Estilo também avança
Especialistas também destacam a evolução da Catharina Sour, estilo de cerveja surgido no país em 2016 e que entrou definitivamente para o BJCP, o maior guia de estilos do mundo, no começo de 2022. O tempo, na avaliação de Guilherme Rossi, atual vencedor do Campeonato Brasileiro de Sommeliers de Cerveja, foi fundamental para a evolução das etapas do processo de produção desse estilo.

Além disso, cada vez mais marcas brasileiras vêm se arriscando na produção da Catharina Sour. Na última edição do Concurso Brasileiro de Cervejas, esse foi o quinto estilo com mais rótulos inscritos, ficando atrás apenas das IPAs, Session IPAs, APAs e Lagers.

“As Catharina Sours continuam chamando muita atenção. Deu para perceber que tinha uma grande quantidade inscrita. Foi tendência anos atrás e continua em voga, tendo um trabalho focado. O processo de se trabalhar com frutas é um grande aprendizado. O cervejeiro vai aprimorando as técnicas, os usos dos adjuntos. Vi alto nível técnico delas, em um processo de lapidação desde que o estilo nasceu”, afirma Rossi.

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