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Investimento em tecnologia e higiene: As ações dos bares para reconquistar os clientes

Maior preocupação na retomada dos bares, para a Abrasel, está na adaptação do atendimento em função da pandemia do coronavírus

Após mais de três meses impedidos de atender presencialmente seus clientes, os bares e restaurantes começam a se preparar para a reabertura no Brasil. O assunto é tratado de maneira diferente em cada região, por causa da evolução do surto do coronavírus, mas, de uma maneira geral, o foco parece ser o mesmo: reconquistar a confiança do cliente para voltar a atrair o público. Para isso, os estabelecimentos concentram suas atenções em medidas de higiene e no investimento em tecnologia.

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Retomar as atividades não significa simplesmente voltar a funcionar. Além das normas e orientações de higiene e distanciamento que devem ser seguidas, os estabelecimentos precisam entender as demandas dos clientes e utilizar novas tecnologias e processos.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), inclusive, preparou um extenso material de apoio com inúmeras orientações, que está disponível em seu site. A maior preocupação envolve as adaptações no atendimento, uma vez que bares e restaurantes já seguem rígidas normas de higiene em função da necessária segurança alimentar para evitar a contaminação dos produtos.

“Nosso maior desafio no momento é ganhar a confiança do consumidor e buscar recursos para superar os próximos meses quando ainda deveremos operar com prejuízos”, afirma o presidente da Abrasel, Paulo Solmucci, em entrevista ao Guia.

Portanto, o maior foco das mudanças nos estabelecimentos vai envolver o relacionamento humano. As mesas deverão estar separadas por mais de um metro. E novas tecnologias para minimizar o contato pessoal serão utilizadas. “Reserva de mesas online, cardápios digitais, sistema para fazer os pedidos e pagar pelo celular sem a necessidade de ter contato com o garçom é o que faz total sentido”, explica Fábio de Francisco, diretor do BaresSP, que oferece serviços de apoio às empresas nesse momento de retomada.

Para Fábio, não basta o estabelecimento implementar medidas de higiene e limpeza. Também será preciso comunicar isso com clareza aos clientes. “Mostrar que os funcionários estão higienizando as mãos o tempo todo, que as mesas e utensílios são limpos constantemente, disponibilizar álcool gel, tudo isso é importante comunicar e deixar claro aos clientes”, salienta o diretor do BaresSP.

A necessidade de mostrar ao público – e de forma ostensiva – as medidas que estão sendo tomadas pelo estabelecimento também é uma das preocupações do empresário Alexandre Gama Pinheiro, sócio do brewpub Kinke, na zona oeste da cidade de São Paulo.

“Tudo é uma questão de transmitir uma sensação de segurança para os clientes. No nosso caso, como cervejaria, já temos muita preocupação com a higienização e limpeza, e ainda vamos reforçar isso. Tudo o que aplicamos na nossa fábrica vamos repetir no nosso tap room. Temos que transmitir para o cliente uma sensação de que estamos cuidando dele”, ressalta.

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Outro cuidado necessário aos empresários é rever os processos de atendimento e adotar novas tecnologias para minimizar o contato físico. “Não há outra pauta neste momento que não seja a inovação e a transformação da forma de gerar negócios”, aponta Iuri Mendonça, chef e proprietário do Cervisia Gastrobier, em Uberlândia (MG).

Aproximar-se do cliente e entender suas novas demandas também será importante durante a retomada, segundo Iuri. “Sempre procurei como empreendedor enxergar a oportunidade e não lamentar ou se entregar às dificuldades. Portanto, o momento agora é de resiliência e proximidade junto com o cliente para reconstruir esta equação diante do contexto do ‘novo normal’, para continuarmos a servir com aquilo que temos paixão de fazer: servi-los”, salienta o proprietário da Cervisia Gastrobier.

Crise e mudança no espaço
Todo esse esforço, contudo, não é garantia de sucesso. Os empresários precisarão retomar as atividades sem saber ao certo o que lhes aguarda no futuro. “O cenário mais otimista é que uma recuperação, muito lenta, deve ter início no final do ano. Para alguns segmentos, como casas de show, buffets e boates, isso vai levar mais tempo ainda”, projeta Solmucci, presidente da Abrasel.

Mesmo com todas as incertezas e desafios, a expectativa da Abrasel é de que o movimento de reabertura siga o visto em outros países, com os clientes voltando aos bares e restaurantes preferidos. “São lugares de encontro, de compartilhamento, de alegria e sempre tiveram uma ligação afetiva com as pessoas. Queremos também uma ajuda das prefeituras para usar mais espaços ao ar livre, como colocar mesas nas calçadas onde for possível, com isenção das taxas nesse período de retomada. Será uma importante forma de apoiar o setor”, ressalta Solmucci.

Para o sócio da Kinke, a reabertura vai provocar no início um sentimento de saudosismo e os clientes irão voltar aos estabelecimentos. Mas ele admite que isso pode provocar aumento no número de casos de coronavírus, o que levará as pessoas a realizarem mais confraternizações em casa, com os amigos. “Eu acho que as pessoas continuarão preferindo consumir em casa, mas agora com os amigos, já que a quarenta vai acabar e você poderá chamar os amigos. Teremos que conviver com isso”, avalia Alexandre.

Nesse novo cenário, muitos estabelecimentos precisarão realizar modificações com o caixa comprometido pela crise econômica. Segundo levantamento da Abrasel, 62% das empresas do setor estão com dificuldades para repor os estoques para a reabertura. E a mesma pesquisa mostrou que 81% das solicitações de empréstimos feitas por bares e restaurantes foram negadas pelos bancos.

“Já temos uma em cada quatro casas fechando as portas em definitivo, ou seja, 25%. Entre as que continuam em operação, há uma queda de faturamento em torno de 80%. É uma situação que nunca vivemos e o prejuízo deve ser da ordem de R$ 50 bilhões”, detalha Solmucci.

Mas o presidente da Abrasel enxerga que algumas alterações forçadas pela crise do coronavírus podem ter efeitos positivos para o segmento de bares e restaurantes. “O setor está sendo forçado a se tornar mais produtivo, com equipes e processos mais enxutos. A tendência é tornar as operações mais simples. Alguns hábitos adotados durante a pandemia também devem perdurar, como fazer reserva nos estabelecimentos, pedir delivery, fazer pagamentos com contato mínimo, etc.”, conclui.

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