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“O mercado cervejeiro perdeu a chance de dar exemplo de diversidade em 2021”

Especialistas apontam que poucas ações inclusivas tiveram efeito transformador no setor no último ano

O mercado de cervejas artesanais desperdiçou, em 2021, a chance de se tornar mais inclusivo e ser um exemplo de diversidade, na opinião de especialistas ouvidos pela reportagem do Guia. Para eles, o impulso de 2020, que veio como reação aos casos de preconceito no segmento cervejeiro no Brasil, não rendeu muito além de reflexões e ações pontuais, o que provocou poucas consequências efetivas perceptíveis no ano recém-encerrado.

Assim, passado o período em que a diversidade e a necessidade de inclusão pareciam pautas prioritárias, o mercado cervejeiro não transformou a discussão de outrora em ações concretas para mudanças efetivas e necessárias.

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“Não é fácil fazer uma mudança como essa, mas não é possível fazer uma omelete sem quebrar ovos. 2021 entra para a história como o ano em que o mercado cervejeiro perdeu a oportunidade de ser maior do que ele mesmo e de dar o exemplo”, afirma o publicitário, escritor e especialista em criação de conteúdo Eduardo Sena.

Para ele, o segmento de cervejas artesanais segue sem entender a importância de se movimentar em questões estruturais, levando a inclusão para além do discurso. Assim, desperdiça até mesmo a oportunidade de, ao se tornar um segmento mais diverso, aumentar o seu alcance e público.

“Enquanto não houver um pacto do mercado como um todo, no sentido de trazer os grupos minoritários e minorizados para pensar no futuro, o segmento vai continuar fazendo discurso de um lado, mas seguindo a mentalidade ‘quinta série’ e camaradista de gente racista, misógina, elitista e machista que vimos no grupo de WhatsApp em 2020. E seguir assim é burrice, e não sou eu quem está falando. Qualquer pesquisa superficial vai mostrar que diversidade faz bem para os negócios de muitas formas. Dizer que é sobre lacração ou mimimi é atestado de burrice”, argumenta.

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Membro do coletivo AfroCerva e criador do Brassaria Brasília, Paulão Silva também destacou que se em 2020 houve posicionamento de muitos personagens do setor condenando os casos de racismo e misoginia, 2021 não contou com ações efetivas para mudanças no mercado cervejeiro no caminho da inclusão e da diversidade.

“Percebe-se que não passou de um ativismo de oportunidade por parte de muitos. E pouco efetivamente se fez no setor em 2021. A não ser pelos que já levantam as bandeiras e militam e, desta forma, já fazem a luta diária”, critica.

Um dos alvos dos abomináveis casos de racismo em 2020, Diego Dias, sócio-proprietário da Cervejaria Implicantes, avalia que as cobranças por diversidade no segmento têm se tornado maiores, mas também cita a ausência de resultados concretos. E aponta que o caminho para uma maior inclusão passa pelo nível organizacional das companhias, com acesso aos cargos com poder de decisão. “É importante os quadros de funções de relevância terem efetivamente uma diversidade”, frisa.

Os profissionais ainda lembraram que o ano de 2021 terminou, para eles, com a sensação da tentativa de esquecimento dos casos de preconceito ocorridos em 2020, diante da acusação de que um dos envolvidos em comentários de tom misógino e racista do ano anterior estaria envolvido diretamente na organização do Concurso Brasileiro da Cerveja, o principal campeonato cervejeiro do país.

“Não mexeram realmente nas estruturas, não mostraram vontade de mudar efetivamente de dentro para fora. Fosse assim, não veríamos casos como o do CBC”, reflete Eduardo. “Isso me traz as seguintes perguntas: O setor quer realmente mudar? Até onde o setor quer mudar?”, acrescenta Paulão.

Iniciativas relevantes
Entretanto, eles também destacam que o ano teve iniciativas relevantes, citando o lançamento da colaborativa do coletivo AfroCerva com a Soviet, uma cerveja que usa insumos adquiridos junto à uma comunidade quilombola. Outro exemplo lembrado e exaltado é o Torneia Bar, em São Paulo, que trabalha com uma equipe 100% LGBTQIA+.

“A Danielle Lira Edmundo (sommelier preta, aliada ao coletivo Afrocerva), em parceria com Christian Montezuma (sommelier e mestre em estilos), abriu o Torneira Bar, onde conta com uma equipe 100% LGBTQIA+ sendo 90% transexuais. Isso sim é diversidade no setor”, destaca Paulão.

5 Comentários

  • Jorge Luis Reply

    14 de janeiro de 2022 at 09:22

    Eu discordo dessa matéria. Eu não quero saber se a cervejaria é administrada por homens, mulheres, gays, beancos, negros, amarelos e sei lá mais o que.
    O que me importa é: a cerveja produzida é boa, dentro do estilo proposto.
    Apelação do tipo “comprem a minha cerveja por que ela é feita por representantes de uma minoria” me parece sim lacração e mimimi.
    Quero cerveja boa e pronto.

    • Saimon Bessa Reply

      18 de janeiro de 2022 at 16:54

      Seguindo a sua lógica, votar em político corrupto que rouba mais faz tá legal, né? Afinal de contas, ele rouba, mas faz! “Sertinho”!

  • Alexandre Reply

    15 de janeiro de 2022 at 08:52

    Não concordo, a inclusão das chamadas minorias ou de grupos onde o que prevalece é a opção sexual , que é individual e só interessa a cada um, não deve servir de moeda de troca . É segregar mais ainda , as pessoas já sofrem preconceito , agora elas tem que trabalhar em todas as áreas só para que satisfaçam a condição de inclusão?? Cada um, tem que ter a chance de escolher e no ramo cervejeiro , trabalha quem gosta, quem está pronto para este tipo de atividade. Vocês estão querendo constar como legais , inclusivos, mas por acaso perguntaram para as pessoas se gostariam de estar dentro de uma fábrica de cerveja? Se estão preparados? Acredito que não. Então parem de lacração, é feio. Deixem as pessoas livres para escolher.

    • Saimon Bessa Reply

      18 de janeiro de 2022 at 16:55

      Como assim opção sexual quando o principal mote da matéria é sobre racismo??? Cor da pele???

  • Fabio Reply

    21 de fevereiro de 2022 at 12:27

    Jorge Luis, estou contigo. Meu interesse é única e exclusivamente na qualidade da cerveja. Se fizer cerveja boa a preço justo, compro. Se não for assim, tchau.

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