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Entrevista: “O turismo de confraternização, cervejeiro, vai crescer muito”

Para Maurício Weichert, Teresópolis tem as condições ideais para permitir uma união entre as atividades turísticas e cervejeira

A pandemia do coronavírus freou a atividade turística, mas a aceleração da vacinação dá esperanças para a sua retomada sob a perspectiva de atender a uma demanda que ficou reprimida por meses. É sob essa perspectiva que o secretário de Turismo de Teresópolis, Maurício Weichert, tem atuado, buscando ordenar a forte demanda por eventos ao mesmo tempo em que adapta as ações da atividade a uma nova realidade em uma cidade bastante associada à cerveja, como destaca em entrevista ao Guia.

Na conversa, Weichert aponta que o turismo cervejeiro deverá ser um dos favorecidos nesse período de retomada por sua característica de promoção de encontros, algo que ficou impossibilitado de acontecer durante meses, em função das medidas adotadas para evitar a propagação do coronavírus. E destaca que Teresópolis está preparada para atender a busca por esse tipo de atividade.

Afinal, a cidade da região serrana do Rio conta com uma série de cervejarias que podem atrair visitantes, além de ter acelerado, mais recentemente, o cultivo da cultura do lúpulo. A flor, além de ingrediente, pode se tornar um atrativo para quem não está interessado apenas em conhecer rótulos, fábricas ou bares, mas também as etapas da produção de uma cerveja, em uma imersão mais completa durante uma viagem de turismo.

Além disso, assim como outras prefeituras da região serrana, Teresópolis firmou acordo com a Rota Cervejeira RJ para fomentar o turismo e as marcas locais, em uma parceria que ajuda a divulgar as cidades ao mesmo tempo em que abre espaço para as suas cervejarias. E permite uma experiência mais completa para quem quer unir essas culturas.

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Confira, abaixo, as reflexões de Maurício Weichert, secretário de Turismo de Teresópolis, na entrevista ao Guia sobre o momento da atividade e como a cerveja pode se inserir nela:

Como Teresópolis e os responsáveis pela atividade turística lidaram com os desafios impostos pela pandemia?
Teresópolis teve um encaminhamento interessante e um pouco diferente das demais cidades durante esse período de pandemia. A cidade cresceu muito na questão imobiliária, por nós termos uma boa infraestrutura na cidade, estarmos apenas a 90 quilômetros do Rio de Janeiro, tendo uma qualidade de vida excelente, sendo uma das cidades mais seguras, cercada por verde. Nós temos três unidades de conservação, uma gastronomia muito boa, temos uma internet muito boa e muitas cervejarias. Nunca chegamos a estar em lockdown, tivemos redução de capacidade, com controle de entrada e de acesso. Com isso, a nossa hotelaria conseguiu se sustentar. Muita gente do Rio de Janeiro veio primeiro passar a temporada e acabou se apaixonando pela qualidade de vida, decidindo morar aqui na nossa cidade. A gente, de um grande problema, aproveitou uma grande oportunidade. E não ficou só na oportunidade, aproveitamos e usufruímos dela, fazendo uma valorização da nossa cidade, do nosso turismo.

Teresópolis já retomou o nível de atividade turística pré-pandemia?
O que a gente entende e já ouviu em comentários de alguns empresários é que a atividade está retomando com muita força, deixando a percepção de que a gente está igual ou melhor do que em 2019. A expectativa é muito positiva, eu tenho recebido algumas demandas de algumas redes hoteleiras querendo entrar na cidade. E isso é um ótimo sinal. Estamos bem otimistas quanto a esse trabalho, mas realmente todo mundo tem que se vacinar, nós temos que manter ainda o controle sanitário para continuar com essa evolução.

Como o turismo associado à cerveja está inserido na rotina de Teresópolis?
A gente fez aqui um trabalho de segmentação turística. O ecoturismo está em primeiro lugar, pois temos três unidades de conservação. Estamos no meio de um vale e esse vale é cercado por unidades de conservação. Então temos que trabalhar isso, é um segmento muitíssimo interessante. Depois temos o turismo rural, porque temos uma agricultura pujante aqui. E aí vem o segmento do turismo cervejeiro gastronômico, uma fortaleza nossa, temos muitas cervejarias aqui. Então, a gente entende que é um legado da cidade, nós fomos batizados agora como capital nacional do lúpulo. E estamos plantando lúpulo aqui, um ingrediente essencial. Tem dado certo e vai agregar ainda mais ao turismo cervejeiro. Além de visitar todo o processo produtivo, também se pode visitar uma plantação de lúpulo, que é uma planta exótica, que vem sendo introduzida na nossa região. Isso é um diferencial. Os visitantes ficam doidos para saber como é feito o processo produtivo. E para as empresas é muito interessante, porque isso gera um marketing para elas, de responsabilidade social e ambiental, mostrando como são feitos os insumos.

Como o cultivo do lúpulo pode incrementar o turismo cervejeiro na região?
A Rota Cervejeira, que é uma associação turística de turismo cervejeiro com marcas que compõem os cinco municípios da região Serra Verde Imperial, vem fazendo esse trabalho de captar essas plantações para poder transformá-las em produto turístico. O lúpulo é uma trepadeira que aqui na nossa região fica com quase 3 metros de altura. E as pessoas adoram entrar no meio da plantação para poder fazer fotografia, fora o aroma. Também tem o evento da colheita. A Rota Cervejeira está planejando isso, junto aos produtores, de fazer um grande evento para essa colheita. Acredito que a gente tenha uma colheita no final do ano e que possa já ter um evento muito bacana, muito estruturado de até dois, três dias de duração. São oportunidades que a gente vai juntando. Para quem quer fazer um dia inteiro de turismo cervejeiro, às vezes, visitar três cervejarias pode ser cansativo – ouvir sempre o mesmo assunto, provar tantas cervejas. No meio disso, você tem um intervalo para poder ver uma plantação.

Como funciona a parceria entre a Rota Cervejeira e a prefeitura de Teresópolis?
Aqui em Teresópolis, a gente fez um termo de cooperação entre a Rota Cervejeira e a prefeitura, definindo como primeiro item o treinamento sobre turismo cervejeiro. Então, a Rota vai trabalhar uma qualificação dos profissionais da Secretaria de Turismo, uma junção para que a gente tenha mais pessoas falando a mesma coisa sobre o turismo cervejeiro, vendendo cada vez mais o turismo cervejeiro e conhecendo como isso acontece. O número 2 foi a participação em eventos, seja com a Rota como proponente, seja com a prefeitura como proponente, um levando o outro. O outro ponto que a gente colocou nesse termo de cooperação foi disponibilizar espaço onde a Secretaria de Turismo está presente para que a Rota também possa ter uma promoção, uma ativação do seu trabalho, do seu turismo cervejeiro. Nós temos aqui em Teresópolis uma feira de artesanato com 550 expositores aos finais de semana e feriados. E a gente disponibiliza um espaço para eles fazerem a ativação. Nós temos os nossos centros de atendimento ao turista onde disponibilizamos espaço para eles.

O que a pandemia mudou no turismo e se tornará duradouro nessa atividade?
Ponto 1: a questão da higiene. Já era para muitos uma preocupação e, mais do que nunca, vai ser um legado que vai ficar. Esse é um legado positivo. Número 2: eu entendo que os períodos de hospedagem possam se tornar maiores, porque muitas empresas adotaram o home office, muitas empresas que tinham dois, três prédios estão devolvendo os prédios e ficando com um, fazendo com que os funcionários trabalhem em formato de rodízio ou 100% home office. São modificações na forma de trabalhar que vão impactar obviamente na questão do turismo. Com isso, as pessoas teoricamente vão viajar para aqueles locais que tenham internet de alta qualidade. As cidades também precisam ter uma rede de saúde hospitalar de boa qualidade.

Aqueles que ficaram enclausurados estão doidos para estarem em contato com a natureza, algo que já vinha em uma crescente. E eu entendo que isso vai aumentar muito. E o turismo cervejeiro, que é o turismo de confraternização, de estar com os amigos, de fazer esse tipo de atividade, também vai bombar. Ah, o meu aniversário vai ser um dia de turismo cervejeiro em Teresópolis. Coloco meus amigos todos em um ônibus e o meu presente de aniversário é vocês passarem um dia comigo. Isso já era algo que a gente fomentava que acontecesse. Eu acho que as pessoas estão muito carentes de um abraço. E a cerveja é uma ótima desculpa para isso. E aí as pessoas podem tomar um chope de qualidade e uma cerveja diferente, de um aroma diferente.

E como Teresópolis está preparada para atender a essas tendências?
Nós temos boa internet, hospitais em expansão, fizemos todo um trabalho aqui de protocolos sanitários. Temos um sanitarista na nossa equipe de turismo para poder apoiar todos os empreendedores. Na parte do turismo cervejeiro, com o vínculo de confraternização, de poder aglomerar, de poder beber junto, aqui se pode conhecer o processo produtivo. Não é só sentar em um bar e beber. Você tem conteúdo, conhecimento, e entretenimento, que são as experiências turísticas, os atrativos das fábricas, dos pubs ou às vezes até de uma cervejaria cigana, que faz uma ativação dentro um estabelecimento, de um hotel, com harmonização com queijos, por exemplo.

Como você imagina o turismo nos próximos meses em Teresópolis e como vocês estão se estruturando para isso?
A gente tem uma fila de eventos. A primeira coisa é gerir esse calendário de eventos, porque tem muita gente querendo fazer ao mesmo tempo, não só porque gosta, mas também porque é uma questão de se sustentar financeiramente. Estamos aqui para poder apoiar os produtores de eventos, sejam eles cervejeiros ou não. Nós temos um trabalho de criação de políticas públicas que possam ser atrativas, fazer com que mais empresários venham investir na nossa cidade, venham empreender aqui, porque temos muita oportunidade. E desejamos crescer de modo sustentável e estruturado. E estamos trabalhando em três novas legislações: uma de transportes turísticos, outra de eventos e mais uma da nossa feira de artesanato.

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