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Indústria da cerveja quer crescimento da renda sob Lula para impulsionar setor

Segmento também deseja previsibilidade no ambiente de negócios e reformas estruturantes nos próximos 4 anos

O resultado das eleições do último domingo definiu que o poder vai mudar de mãos no Brasil. Primeiro presidente a não receber da população um segundo mandato desde a instituição da reeleição, Jair Bolsonaro será sucedido por Luiz Inácio Lula da Silva, primeiro representante a ganhar nas urnas o direito a três mandatos presidenciais. A troca, histórica e profunda, enseja novas demandas e expectativas da sociedade para esse retorno de Lula, incluindo a indústria da cerveja, pela sua relevância econômica e cultural para o país.

O Brasil, afinal, é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo e conta com representantes importantes no cenário global. A Ambev compõe a AB InBev, o maior grupo cervejeiro mundial. O Grupo Heineken tem o Brasil como país preponderante na sua atuação. E ambas convivem com a concorrência de uma companhia 100% nacional, o Grupo Petrópolis.

Além disso, o Brasil atingiu a marca de 1.549 cervejarias registradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, de acordo com os dados mais recentes, com indústrias presentes em 672 municípios, em um indicativo de que a pujança do setor, responsável por 2% do PIB nacional, não se resume às grandes cervejarias.

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E até o caráter idílico envolvendo o consumo da bebida foi alvo da campanha eleitoral, com Lula citando que gostaria de dar condições econômicas que permitam ao brasileiro voltar a fazer um churrasquinho com cerveja e picanha, em uma referência à perda de poder de compra da população ao longo dos últimos anos.

Ouvidos pela reportagem do Guia após a eleição de Lula em segundo turno, representantes da indústria da cerveja apontaram a necessidade da recuperação econômica, com mais postos de trabalho, crescimento da renda e sua distribuição, como uma das pautas que devem ser prioridade para o próximo presidente. E isso traria, também, benefícios ao setor, que costuma ser pressionado por oscilações, até por se tratar de um segmento de consumo.

“O principal impacto positivo que o Poder Executivo pode trazer para o setor é, com muita responsabilidade fiscal, trabalhar pela recuperação econômica que traga emprego, riqueza e distribuição de renda, incentivando o empreendedorismo com crédito, um sistema tributário justo e redução da burocracia”, diz Gilberto Tarantino, presidente da Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva).

As indústrias cervejeiras seguem confiantes de que o cenário de crescimento do setor se manterá ao longo dos próximos anos, dando a sua contribuição para a economia. Investimentos, inclusive, foram anunciados recentemente, para a construção de uma unidade produtiva de vidros pela Ambev, em Carambeí (PR), de R$ 870 milhões, assim como uma fábrica de cerveja do Grupo Heineken, em Passos (MG), de R$ 1,8 bilhão.

Além disso, as divisões do Brasil estiveram recentemente entre os destaques dos balanços do terceiro trimestre dessas companhias. O Grupo Heineken teve crescimento de mais de 30% da receita líquida no país, onde a expansão da venda de cerveja foi de quase 10%, ficando em dois dígitos no portfólio premium.

Já a Ambev apresentou crescimento orgânico de 6,9% na produção de cerveja no Brasil no terceiro trimestre, para 23,482 milhões de hectolitros. E durante a teleconferência de resultados do último dia 27, o CFO, Lucas Lira, disse que o foco da Ambev para 2023 será em continuar buscando uma melhoria contínua e consistente focando em proteger a liquidez, melhorar a rentabilidade por meio do retorno sobre o capital investido e das margens bruta e Ebitda além de fortalecer a geração de caixa.

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“O Brasil é um mercado atrativo para empresas do setor da cerveja devido a sua taxa de crescimento de mercado estável. As projeções de produção da bebida são positivas e o setor será uma força motriz para o crescimento do país neste e nos próximos anos”, afirma Luiz Nicolaewski, superintendente do Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv), que representa Ambev e Grupo Heineken no Brasil.

E o segmento de cervejas artesanais também possui boas perspectivas para os próximos quatro anos, com a expectativa de acelerar o crescimento que amplie a sua participação no mercado. “O setor não vai ser afetado no ritmo que vinha crescendo. Pensamos em crescimento de 10% ao ano, o que nos deixaria em um nível muito interessante nos próximos quatro anos de obter cerca de 5% do mercado de cerveja no Brasil”, afirma Marco Antonio Falcone, presidente da Federação Brasileira das Cervejarias Artesanais (Febracerva) e da Câmara Setorial da Cerveja.

O diretor-geral da CervBrasil, a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja, e presidente Paulo Petroni, também acredita na expansão do segmento, mas entende que a evolução do mercado cervejeiro estará fortemente relacionada com a ampliação da renda para consumo. “Estamos precisando acelerar a resolução dos problemas já diagnosticados e que tanto afetam o desempenho da indústria, a geração de empregos e a consequente melhoria da qualidade de vida das brasileiras e dos brasileiros”, diz.

Demandas do setor
Para que o segmento da cerveja cresça sob a nova gestão de Lula, representantes apontam a necessidade de que o próximo governo torne o ambiente mais seguro para os negócios, o que também passa por uma tributação considerada mais justa e simples.

Consideramos como pontos importantes para o setor a previsibilidade no ambiente de negócios e reformas estruturantes, como a reforma tributária, com um sistema que reduza a burocracia, o contencioso jurídico e a complexidade, com segurança jurídica e sem o aumento de carga tributária para os brasileiro

 Luiz Nicolaewski, superintendente do Sindicerv

O diretor-geral da CervBrasil também espera a intensificação do diálogo entre o setor público e privado “para o avanço das condições de competitividade da indústria brasileira através da redução dos diversos componentes do Custo Brasil” e que “ocorram a elaboração e a execução de uma política industrial atualizada, que atenda às tendências globais em inovação, tecnologia e sustentabilidade”.

O setor da cerveja também tem demandas urgentes, que espera ver solucionadas antes mesmo da posse dos novos deputados, senadores e mesmo de Lula. E elas envolvem a aprovação e sanção do projeto que atualiza limites de faturamento para enquadramento no Simples Nacional para que os novos valores já comecem a vigorar em 2023.

“Nossa demanda, neste primeiro momento, é que o Congresso possa acelerar a aprovação do PL que reajusta a tabela do Simples e o limites dos MEIs que hoje tramita na Câmara. Depois, que ele seja revisto e aprovado no Senado e sancionado pelo Executivo”, diz o presidente da Abracerva.

Já na esfera estadual, a cobrança envolve a isenção ou a redução dos valores cobrados no regime de substituição tributária do ICMS. “Esse é um trabalho em favor dos pequenos produtores junto aos governos estaduais e assembleias legislativas que também iniciam novos mandatos em 2023”, acrescenta Tarantino.

Além das demandas sobre tributação, o setor também tem preocupações envolvendo as normas que direcionam o funcionamento do setor e a gestão adequada das companhias, assim como o acesso às matérias-primas. Mas o presidente da Febracerva aposta no bom diálogo construído com as instituições para resolvê-las.

“Nós temos demandas que são extremamente importantes no setor, como de normatização, com a condução do Ministério da Agricultura para a implantação de normas, como a aprovação de rótulos. Também há questões de outras políticas, como condução de tratamento de resíduos, de reaproveitamento de vidros, de importação de chapas finas de alumínio para produção de latas”, conclui Falcone.

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