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Abracerva cria código de ética e prevê punição para atos preconceituosos

Nadhine debateu na Live do Guia as ações que estão sendo planejadas pela Abracerva em prol da inclusão e diversificação no setor

Diante dos casos de preconceitos racial e sexista ocorridos no setor e que vieram à tona nos últimos meses, a Associação Brasileira de Cerveja Artesanal (Abracerva) decidiu preparar e divulgar, nesta semana, o código de ética da entidade. A iniciativa é uma das ações do Núcleo de Diversidade da Abracerva, coordenado por Nadhine França, que falou sobre essa e outras ações em live do Guia realizada na última quinta-feira.

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O documento será apresentado para debate e avaliação de todos os associados. E vai descrever as medidas a serem tomadas em diversas situações. Sua divulgação se dará na próxima quarta-feira, em live no perfil no YouTube da Abracerva com a participação de representantes da diretoria, do Núcleo de Diversidade e do direito cervejeiro.

A associação já havia se posicionado contra os atos preconceituosos sofridos por mulheres e negros da comunidade cervejeira. E isso reforçou as ações do núcleo liderado por Nadhine – também colunista do Guia – para traçar planos com o intuito de evitar novos episódios no setor.

Na live do Guia, a coordenadora apontou que os atos preconceituosos mostraram o quanto o núcleo é “essencial e urgente”. Segundo ela, também será criado um comitê para avaliar os casos com medidas e punições.

O comando da associação trabalha atualmente em conjunto com o núcleo para a elaboração de ferramentas que auxiliem na organização da iniciativa. O objetivo é que atos como os vistos recentemente não aconteçam mais – e, se ocorrerem, que tenham ao menos as devidas punições. “Hoje o Estatuto da Abracerva não prevê [punições para casos como racismo], não tinha um código de ética e a gente já está construindo-o”, revela Nadhine.

Mudança estrutural
A necessária mudança no mercado cervejeiro nacional também esteve na pauta da live do Guia. Nadhine reconheceu que apenas apresentar regras não trará os efeitos desejados no combate ao preconceito. Em sua visão é preciso alterar mentalidades e práticas.

“O racismo é estrutural, o machismo é estrutural. Então, não adianta só mudar a lei, a gente sabe disso. A gente precisa trabalhar dentro do mercado cervejeiro para que essa mudança também seja estrutural”, analisa a coordenadora da Abracerva.

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Para Nadhine, a efetivação dessas mudanças também depende dos donos dos negócios, que precisam dar espaço para a diversidade no quadro de funcionários, valorizar a presença da mulher no mercado, organizar eventos que se posicionem contra o assédio e adotar medidas de segurança e punição. Além disso, as escolhas dos clientes devem ser pautadas pelo apoio à diversidade.

Pesquisa nacional
Para um futuro próximo, por sua vez, a Abracerva pretende fazer uma pesquisa para ouvir as inúmeras minorias que estão espalhadas pelo país. A ideia é saber onde estão e quais são as demandas do setor de cerveja artesanal. Ela lembrou que foi realizado um censo junto ao Sebrae em 2019, mas em 2020 a pesquisa deverá ser mais ampla e contemplar mais categorias socioeconômicas. “Não tem como uma associação crescer se ela não abraçar todas as pessoas.”

Aos consumidores de cervejas artesanais que estão enquadrados nas minorias, como as mulheres, os negros e os LGBTQI+, após a concretização do Código de Ética da Abracerva, também está previsto que a associação criará um espaço dentro do seu site para a comunicação dos casos de discriminação.

Segundo Nadhine, o novo canal de comunicação servirá para dar encaminhamento, orientação e avaliar se houve infração e qual seria a punição para o associado que a cometeu.

“Não é trabalho da Abracerva ter esse acompanhamento psicológico ou de direito, mas o encaminhamento do que a pessoa pode fazer é mais simples para o comitê falar. Dependendo do tipo de infração, pode ser que se abra pelo viés da Justiça – como um processo civil – ou dentro da associação – como um processo de infração e punição do associado”, explica Nadhine.

Educação institucional
Dentro do planejamento do Núcleo de Diversidade da Abracerva também estão previstas ações educacionais. A ideia é se comunicar com as várias escolas cervejeiras espalhadas pelo Brasil, a fim de que realizem mais iniciativas de inclusão e de diversidade e que sejam estabelecidas essas pautas dentro da formação profissional.

Nadhine destaca que as escolas cervejeiras não estavam catalogadas e tinham diálogo reduzido com a Abracerva, algo que se alterou a partir da realização de um levantamento para a grade curricular do curso de sommelier. O núcleo participou de reuniões com as escolas e, dentro das questões sobre a regulamentação do profissional e dos temas a serem estudados, foi adicionado o tópico de ética profissional.

“Esses profissionais precisam saber, no mínimo, que vão precisar atender pessoas pretas, pessoas com deficiências e com qualquer outro tipo de diversidade sem preconceito e sem pré-julgamento. Isso é importante que seja aprendido na formação”, finaliza a coordenadora do Núcleo de Diversidade da Abracerva.

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