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Como a construção de fábrica de vidros pela Ambev impacta a companhia e o setor

Previsão é de que unidade da companhia em solo paranaense comece a operar em 2025

Anunciada já nos últimos dias de 2021, a decisão da Ambev de construir uma fábrica de vidros no Paraná deve deixar a companhia em situação mais confortável para lidar com os riscos de escassez de embalagens, além de confirmar o bom posicionamento da companhia em relação à pauta sustentável. Essas são algumas das avaliações que sobressaem entre os analistas do mercado financeiro ouvidos pelo Guia sobre o mais recente ato de relevância da companhia.

Embora a cidade que receberá a fábrica da Ambev ainda não esteja definida, a companhia adiantou que investirá R$ 870 milhões na unidade de vidros, a segunda da empresa, que já possuía uma no Rio de Janeiro, desde 2008, após a empresa empregar R$ 160 milhões na sua construção.

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O início da operação da unidade paranaense está previsto para 2025, com foco nas embalagens de 300ml, long necks, de 600ml e 1 litro, com o intuito de abastecer as cervejarias do grupo. Chefe do setor de agro, alimentos e bebidas na área de research e sócio da XP Investimentos, Leonardo Alencar destaca que a verticalização da produção de embalagens certamente deixará a Ambev menos volátil a oscilações do mercado de vidro.  

“Garantir o fornecimento de embalagens é estratégico para manter a satisfação do consumidor, mesmo quando essa produção não for suficiente para atender toda a produção. Isso é ainda mais estratégico dadas as constantes rupturas nas cadeias de fornecimento que têm ocorrido em função da pandemia, inclusive resultando em falta de produto na gôndola, fato que gera perdas para todos os players da cadeia e, principalmente, para o consumidor”, diz.

Ter a unidade de vidros no Rio de Janeiro já era visto pela equipe de análise da Ativa Investimentos como um fator vantajoso para a empresa na comparação com as suas principais concorrentes no setor, a deixando menos à mercê de oscilações do mercado de embalagens. Um cenário que poderá se ampliar com a construção dessa segunda fábrica pela Ambev.

“Atualmente, ela já tem sido bem menos prejudicada que suas concorrentes – como Heineken e Grupo Petrópolis – pelo problema da escassez de vidros. Além da produção interna, a companhia também tem um forte relacionamento com seus fornecedores devido ao seu tamanho no mercado, o que a deixa menos vulnerável nesse cenário perante os demais players”, avaliam os profissionais da Ativa.

Coincidência ou não, o anúncio da Ambev ocorreu nos últimos dias de um ano que ficou marcado pela dificuldade de acesso a garrafas de vidro. Para analistas, um problema que foi causado pela redução no volume de pedidos nos primeiros meses da pandemia e um posterior acúmulo de demanda no fim de 2021.

Para o sócio da XP, a dificuldade de acesso a garrafas de vidro poderá até se repetir no setor cervejeiro ao longo de 2022, mas não em um contexto tão desafiante como no ano passado. “Uma vez que a falta de matéria-prima e a disrupção das cadeias de produção foi uma consequência da pandemia, não esperamos uma piora no cenário para 2022, ainda que o processo de normalização seja mais lento do que previsto de início”, argumenta.

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Assim, adversidades deverão ser menores em 2022, mas sem se dissiparem enquanto ouras fábricas de vidro não começarem a operar. Além disso, há incerteza em função da continuidade da pandemia e sua extensão. “Pode ter algum alívio, mas é um problema que ainda tende a atrapalhar o mercado. Tem fatores e variáveis, como o crescimento, que provoca a correria entre oferta e demanda. Enquanto não existir esse e outros investimentos em embalagens, o setor vai estar numa encruzilhada de gargalo”, avalia André Pimentel, sócio da Performa Partners.

Além disso, na sua visão, o investimento da Ambev trará benefícios ao mercado, reduzindo a possibilidade de cenários de escassez de garrafas de vidro para a indústria cervejeira. “Se ela demanda menos o mercado, isso reduz um pouco o gargalo. Acaba tendo um impacto positivo nos custos, que tendem a cair em função da menor pressão sobre a demanda”, afirma.

Liderança em ESG
No anúncio, a Ambev destacou que a fábrica a ser construída seria de vidros sustentáveis, com as garrafas sendo produzidas a partir da reciclagem de cacos, recolhidos em parcerias com empresas de logística reversa e cooperativas. A decisão representa mais uma ação da Ambev para fortalecer a sua agenda ESG, com preocupações de caráter ambiental, social e de governança, lembra Everton Medeiros especialista da Valor Investimentos.

“O projeto que engloba diversas iniciativas de reciclagem de resíduos, uso otimizado da água, energia renovável e parcerias com entidades de catadores de material reciclável, busca tornar a pegada de carbono da companhia ainda menor”, diz.

São, aliás, diversas ações recentes da companhia que, por exemplo, conseguiu reduzir em 55% o consumo de água na fabricação das suas bebidas desde 2002 e o fato de 47% das embalagens de vidro já serem feitas com material reciclado. Assim, o analista da XP destaca que o novo anúncio reforça a atuação da companhia com cuidado especial para questões de sustentabilidade da Ambev.

A frente de ESG da AmBev, tanto pela ótica social quanto do meio ambiente, é um ponto forte da empresa, com destaque para todo o projeto de logística reversa que a empresa construiu nos últimos anos e que não possui paralelo no mercado. A utilização de caminhões elétricos e a produção de embalagens renováveis, inclusive com matéria-prima sustentável, confirma a relevância que o tema tem para a empresa

Leonardo Alencar, chefe do setor de agro, alimentos e bebidas na área de research e sócio da XP Investimentos

Já o especialista da Valor Investimentos lembra que o anúncio da construção da fábrica de vidros sustentáveis veio na sequência da revelação de que a Ambev buscará se tornar carbono zero até 2040, fazendo, assim, parte dessa estratégia. Além disso, avalia que, em operação, a unidade terá efeitos positivos nos lucros da companhia.

“A meta de ser uma empresa net zero em emissões de carbono está sendo energicamente perseguida pela diretoria da companhia, além de tornar o processo de produção mais rentável, verticalizando parte das operações de fabricação das suas embalagens, melhorando assim sua margem de lucro”, diz Medeiros.

O sócio da Performa Partners pondera, também, que há um fator financeiro por trás da adoção de pautas ESG pela Ambev, mas destaca que, ainda mais por ser líder de mercado, a companhia força os demais atores da indústria cervejeira a seguirem os seus passos em sustentabilidade. “Nenhuma pauta se sustenta sem o dinheiro, além de haver pressão para se fazer. Para se fazer, é preciso dinheiro. A Ambev tem e consegue fazê-lo. E quando dá um passo desses, joga pressão para o mercado também mostrar serviço na pauta ESG”, conclui Pimentel.

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