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Ambev está otimista para 2023, mas ação cai 2% após balanço; veja análises

Último trimestre de 2022 teve recorde na venda de cerveja no Brasil, de 26,605 milhões de hectolitros pela Ambev

A Ambev está otimista em relação às perspectivas para 2023, de acordo com relato do CEO Jean Jereissati durante a apresentação dos resultados do quarto trimestre de 2022, mas, ao que parece, quem atua no mercado não tem a mesma expectativa. Afinal, a ação da companhia desvalorizou nos dois dias seguintes à apresentação do balanço na última semana.

No quarto trimestre de 2022, a Ambev teve lucro líquido de R$ 5,083 bilhões, além de Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 7,109 bilhões e receita líquida de R$ 22,693 bilhões, em um resultado puxado especialmente pelo Brasil, com o volume de cerveja chegando aos 26,605 milhões de hectolitros no país.

Esse volume não só representou uma alta de 4% na comparação com o quarto trimestre de 2021 como foi recorde para a Ambev, sendo um dos destaques do balanço, assim como o lucro líquido de pouco mais de R$ 5 bilhões, cerca de 30% acima da estimativa de alguns dos principais analistas.

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Ainda assim, a recepção do mercado financeiro ao balanço da Ambev não foi boa. Da cotação de R$ 13,47 em que havia fechado a última quarta-feira (1), véspera da apresentação do resultado do quarto trimestre, caiu para R$ 13,13 ao fim da quinta, desvalorizando 1,93%. E terminou a sexta valendo R$ 13,11.

O CEO da Ambev, porém, está otimista, tanto que praticamente abriu a teleconferência de resultados com analistas declarando que começou 2023 “mais confiante do que estava em 2022”. E o motivo para isso é a expectativa de que a empresa sofra menor pressão sobre os custos ao longo desse ano, embora os efeitos tenham persistido no primeiro trimestre.

Essa possibilidade, esperada em função da queda dos preços das commodities, seria um sinal importante para ajudar a aumentar a rentabilidade da Ambev. “Testemunhamos inflação significativa nos últimos anos. Mas agora não há mais essa desconexão. Estamos vendo aumento contínuo de receita, enquanto a inflação das commodities e com despesas está em queda”, declara Jereissati.

Essa redução da alta dos insumos também deverá contribuir para a estratégia de rentabilidade da Ambev, pois a companhia explica que tem evitado repassar integralmente a alta dos custos nos últimos anos, concentrando os reajustes de acordo com a cesta de produtos dos consumidores. “Desconectamos preços dos custos, olhando mais para o consumidor. Vamos manter essa estratégia, tentando entender renda disponível, força de marca e demanda”, diz Jereissati.

Perspectiva para as marcas
A Ambev também acredita que pode aumentar a sua participação de mercado, especialmente com as marcas Brahma Duplo Malte, surgida nos primeiros meses da pandemia, Spaten, que quase dobrou o seu volume entre o quarto trimestre de 2021 e o último de 2022, e Corona.

“Com a reabertura, houve a consolidação da Duplo Malte. Está ajudando a rejuvenescer toda a franquia da Brahma, o que beneficiou as nossas principais marcas”, afirma Jereissati. “Estamos investindo para que Corona se torne a principal marca premium do Brasil”, acrescenta.  

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E a Copa?
A alta do volume de 4%, embora tenha permitido uma venda recorde de cerveja para a Ambev em um trimestre, foi menor do que a esperada por analistas para os três últimos meses de 2022, período que coincidiu com a disputa da Copa do Mundo. Na apresentação de resultados, Jereissati estimou que a influência do torneio no volume de cerveja da Ambev foi de 1,5%. E ressaltou o efeito negativo da eliminação do Brasil nas quartas de final ao declarar que o peso poderia ter chegado a 2,5% caso a seleção tivesse avançado à final no Catar.

Americanas
Os executivos da Ambev aproveitaram a teleconferência de resultados para comentarem sobre o que classificaram como “ruídos” envolvendo a empresa. A referência se dá em função de preocupações com a situação da empresa, especialmente porque três dos seus principais acionistas – Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Telles – são os mesmo da Americanas, que no início de 2023 teve revelado um escândalo contábil.

A situação ganhou mais intensidade com a publicação de uma matéria pelo site da revista Veja em que a CervBrasil, a Associação Brasileira da Indústria da Cerveja, afirmava que a Ambev poderia ter inconsistências em suas demonstrações financeiras, geradas por manobras envolvendo a atuação na Zona Franca de Manaus. Na época, o Guia explicou a situação, que está contabilizada em documentos da empresa, em reportagem.

“Houve muitos ruídos que nada tem a ver conosco”, diz Jereissati. “Litígios tributários em questões envolvendo a Zona Franca de Manaus devem durar anos”, acrescenta Lucas Lira, diretor de relação com investidores da Ambev. “Se colocarmos as distrações de lado, nosso negócio está indo bem”, conclui Jereissati.

Confira quatro análises sobre o resultado financeiro da Ambev e a expectativa para os próximos meses:

Ativa Investimentos
“A Ambev reportou resultados levemente acima do esperado nos volumes, mas ainda sente pressão nas margens. Vemos a companhia entregando o melhor que pode para ganhar participação e contornar os efeitos macroeconômicos. No curto prazo, acreditamos que a empresa ainda seguirá enfrentando cenários desafiadores, porém, enxergamos a empresa entregando fortes resultados no longo prazo, trazendo iniciativas digitais e se mantendo resiliente frente às dificuldades impostas”.

Bradesco BBI
“A ação deve se beneficiar da queda dos preços das commodities, apesar de uma defasagem de 12 meses entre preços spot de commodities e o que se reflete em seus resultados, e preços resilientes de cerveja que devem, combinados, levar a expansão de margem acima do consenso nos próximos anos”.

BTG Pactual
“O lucro de R$ 5 bilhões superou nossa expectativa em 19% e aumentou 38% na comparação com 12 meses atrás devido à grande reversão do imposto de renda após a distribuição de juros sobre capital próprio”.

“Os volumes de cerveja cresceram 4% ante um ano, abaixo das expectativas mais baixas, sugerindo que os ganhos de participação de mercado foram interrompidos, enquanto preços abaixo do esperado levaram a uma perda de 12% do Ebitda na margem inferior”.

“Acreditamos que a qualidade dos ganhos fracos, os riscos da reforma tributária e uma contribuição crescente da Argentina apoiam nossa visão de que a história de rebaixamento continuará”.

XP Investimentos
“Ambev relatou um trimestre positivo com o tão esperado, embora ainda tímido, foco nas margens, mesmo que isso sacrifique o crescimento de volume. Conforme declarado pela empresa, essa tendência deve continuar em 2023, favorecida por uma acomodação dos custos”.

“Após a recente performance negativa da ação, em nossa opinião não relacionada aos fundamentos da empresa, esperamos uma recuperação no desempenho”.

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