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Artigo: Você se considera um cervejeiro raiz?

Ivan Tozzi discute a utilização do termo e defende o uso da tecnologia na produção das cervejas

*Por Ivan Tozzi

Quem me conhece, sabe que adoro uma polêmica. E como provocador nato, peço que responda à pergunta do título. Se a sua resposta for sim, então acho melhor você ler esse artigo, porque meu objetivo é tentar mudar a sua forma de pensar.

Desde que comecei a apresentar minhas brassagens utilizando uma Single Wessel elétrica, algumas pessoas começaram a me perguntar se deixei de ser “cervejeiro raiz”. Claro, tudo isso em tom de brincadeira.

A minha resposta, também em tom de brincadeira, é: será que algum dia houve, de fato, cervejeiro raiz?

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É claro que essa provocação entre aqueles que se dizem avessos à tecnologia na hora de fazer cerveja e os que procuram facilidades e melhorias através dos equipamentos é algo que já faz parte do dia a dia dos grupos cervejeiros e não é nada prejudicial. Apenas um fla-flu básico (assim espero).

Quando comecei a fazer cerveja, essa mesma brincadeira já era usada para definir os cervejeiros que utilizavam bomba de recirculação para clarificar o mosto. Os “raiz” usavam a boa e velha escumadeira para fazer o serviço. Hoje em dia, a bombinha é um item quase obrigatório em todo kit de equipamento básico vendido pelos brewshops.

Historicamente falando, as cervejas eram feitas de uma forma muito diferente do que é hoje. Tente se imaginar na Idade Média. Você naquele fogão à lenha, uma panela de barro, sem nenhum processo para aferir a temperatura, medir a densidade, controlar a fermentação (cadê a geladeira ‘nossinhora’?).

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Atualmente, todos os cervejeiros, de certa forma, utilizam algum tipo de equipamento para facilitar sua brassagem. Pode ser um simples termômetro, um pHmetro, um refratômetro. Se todos usam alguma coisa para facilitar o processo, o que então define o que é raiz e o que é cervejeiro nutella?

Quando foi que criamos regras e começamos a debater coisas tão sem sentido só com o objetivo de parecer “mais cervejeiro” do que o colega do grupo de WhatsApp?

Sendo bem honesto, há três anos, cansado de ficar horas e horas na cozinha do apartamento, atrapalhando o preparo da comida ou a utilização da pia, eu já vinha buscando uma forma de fazer automatização (até mesmo por que quero passar mais tempo com a família curtindo né?).

Na época, montei minha própria panela usando uma resistência e um controlador comprado no Mercado Livre. Funcionou bem, com alguns poucos problemas, mas diminuiu meu tempo de brassagem e ainda aumentei minha produção usando um minúsculo espaço ao lado da máquina de lavar. Hoje utilizo um equipamento de mercado (obviamente muito mais bem feito do que minha gambiarra).

O fla-flu da cerveja segue. E a cada inovação que surge, vai sempre existir aquela pessoa acreditando piamente que o melhor cervejeiro é aquele que se mantém fiel aos processos “tradicionais”.

É fato que o equipamento não define o bom cervejeiro. Conhecer as matérias-primas, dominar bem as mais variadas técnicas, ser zeloso e atento à receita é o que vai determinar o resultado do seu produto. Mas que uma boa dose de tecnologia me agrada, ah se agrada!

*Ivan Tozzi é vencedor do Eisenbahn Mestre Cervejeiro 2017, sommelier de cervejas, fundador da Three Hills Cervejaria, professor da Rise Beer e treteiro oficial do setor

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