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Dádiva mira ações afirmativas na fábrica após aderir ao Black is Beautiful

Cervejaria doará 100% do valor arrecadado nas vendas do rótulo ao Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades

Criado nos Estados Unidos, o movimento Black is Beautiful trouxe para o mercado cervejeiro a discussão sobre racismo e preconceito dentro da sociedade e, recentemente, alcançou as artesanais brasileiras, como a Dádiva. E, além de denunciar e expor esse tipo de comportamento, tem permitido reflexões nas próprias marcas sobre como elas podem colocar em práticas medidas que apoiem a igualdade, como destaca Luiza Lugli Tolosa, sócia-fundadora da cervejaria.

Leia também – Dossiê: A cerveja brasileira é democrática ou reflete as desigualdades estruturais do país?

O movimento começou logo após o ambiente político e social dos Estados Unidos se inflamar depois de um policial branco matar sufocado o jovem negro George Floyd. Mais de 200 empresas de todo o país, então, se uniram contra o racismo e produziram um rótulo colaborativo em apoio à luta por igualdade racial. E, no Brasil, a Dádiva foi uma das marcas a aderir ao movimento ao lançar uma Imperial Stout colaborativa com o Empório Alto de Pinheiros

Ao Guia, Luiza explica que a Dádiva pretende adotar ações afirmativas em sua fábrica após o lançamento do rótulo. Uma medida que está em consonância com uma das exigências para as cervejarias aderirem ao movimento: o comprometimento com trabalhos visando a igualdade a longo prazo. A iniciativa buscará reduzir e combater, na prática, a desigualdade de oportunidades.

“Temos debatido essas questões internamente com muita cautela e responsabilidade para conseguirmos criar gradativamente ações raciais afirmativas dentro da fábrica. Estamos em um processo de conhecimento e entendimento sobre o que e como podemos fazer isso”, aponta Luiza.

Praticar ações afirmativas é o passo fundamental do movimento que poderá trazer efeitos duradouros para a transformação da sociedade e do segmento de cervejas artesanais, tornando-os mais igualitários e democráticos, com maior acesso às oportunidades.

Mas também há outra importante exigência para a adesão ao Black is Beautiful. Indo além da proposta de reflexão sobre a desigualdade e o preconceito, as cervejarias participantes precisam doar 100% do valor arrecadado nas vendas dos rótulos a projetos focados na promoção da luta pela igualdade racial.

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Nesse caso, a Dádiva optou pelo Centro de Estudo das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), organização não-governamental que produz conhecimento, desenvolve e executa projetos voltados para a promoção da igualdade racial e de gênero.

“Pesquisamos por diversas instituições e nos reunimos com o pessoal do CEERT para conhecermos mais a fundo o trabalho da instituição. Ficamos positivamente impressionados com a seriedade e importância dos projetos desenvolvidos pela organização, que trabalha em prol da equidade de raça e gênero na área do trabalho, da educação, da juventude e da justiça. E batemos o martelo”, explica Luiza.

O rótulo
Para participar do projeto, a Dádiva se juntou ao Empório Alto dos Pinheiros (EAP) na elaboração de uma Imperial Stout colaborativa, produzindo um lote especial de 700 latas da cerveja, além de 80 litros de chope.

“A ideia de nos unirmos ao projeto surgiu durante uma conversa entre nós, da Dádiva, e o Paulo Almeida, do EAP. Pesquisamos bastante sobre o projeto e seguimos as diretrizes disponíveis no site oficial. Fizemos a solicitação da inclusão da Dádiva no site como cervejaria participante, baixamos a receita e a produzimos, dando a ela nosso toque especial”, explica a sócia-fundadora da Dádiva.

De acordo com a cervejaria, a Imperial Stout tem corpo extremamente aveludado e 10% de teor alcoólico. “Nos inspiramos na cervejaria texana que criou o projeto, a Weathered Souls, ao fazer uma Stout. Optamos por fazer uma versão com maior potência alcoólica e incluímos amendoim e cacau, conferindo à cerveja notas que chegam a lembrar paçoca”, acrescenta Luiza, detalhando como se deu a concepção do rótulo.

Surgido a partir da eclosão de ações mundiais em combate à discriminação racial, o Black is Beautiful foi criado por Marcus J. Baskerville, dono da cervejaria texana Weathered Souls. E os últimos incidentes racistas, seja no Brasil ou nos Estados Unidos, demonstram que há um longo caminho a percorrer para tornar a sociedade mais igualitária e menos preconceituosa.

A participação do setor cervejeiro nesse movimento mundial, assim, também pode trazer luz aos desafios para torná-lo mais democrático. “Acreditamos que o mercado cervejeiro precisa dar, como um todo, passos para que se torne mais justo e mais plural”, conclui a sócia-fundadora da Dádiva.

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