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Apoio e resiliência: Sevá busca retomada após tragédia no litoral paulista

Chuvas devastaram cidades como Ubatuba, São Sebastião, Guarujá, Ilhabela, Bertioga e Caraguatatuba

A madrugada de 19 de fevereiro de 2023 entrou para a história por um dos maiores desastres naturais do Brasil, provocado por enchentes e deslizamentos no litoral norte de São Paulo. As chuvas causaram a morte de 65 pessoas e destruição, como para a cervejaria Sevá, que sofreu danos durante a tragédia.

Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas que caíram em um período de 24 horas do fim de semana do carnaval foram recorde na história do Brasil: 683 milímetros acumulados registrados somente em Bertioga, cidade extremamente afetada pelo temporal, assim como as vizinhas Ubatuba, São Sebastião, Guarujá, Ilhabela e Caraguatatuba.

Nesse cenário de devastação, as mobilizações marcam um recomeço, ainda que difícil, para muitas pessoas, como João Piva, cervejeiro e criador da Sevá. Cigana, a marca fica na praia de Cambury, em São Sebastião, cidade em que 64 mortes foram contabilizadas.

Na noite daquele sábado de carnaval, quando tudo começou, o carrinho de praia da Sevá e o carro de trabalho estavam guardados na casa de Piva, enquanto a Kombi de chope estava na rua ao lado, em um evento.

“A Kombi foi 100% coberta pela chuva e ficou totalmente submersa por mais de 12 horas. O carrinho de praia foi encontrado a 600 metros de onde estava, junto com outros carros que foram levados pelo rio. O Corsinha, velho de guerra, também ficou submerso e, segundo os vizinhos, só não foi arrastado porque pegou um redemoinho e ficou rodando na correnteza”, lembra Piva.

O cervejeiro lamenta os prejuízos e conta que nenhum dos veículos tinha seguro. “Estamos pagando caro nas peças separadas e na mão de obra aqui da região. As oficinas são poucas e estão lotadas de carros por causa da enchente”, diz.

A tragédia também impediu qualquer faturamento dos comerciantes durante o período do carnaval, para o qual investimentos relevantes haviam sido realizados. Assim, além de lidar com as perdas, tem sido necessário encarar as contas elevadas, em virtude de um carnaval que nem aconteceu.

Para agravar o cenário, o movimento de pessoas na região praticamente desapareceu desde a tragédia. “Praias e ruas estão vazias, estabelecimentos ficam com uma ou outra pessoa, desanimando todos que vivem do turismo e nos fazendo acreditar que o movimento vai voltar de forma lenta e provavelmente depois da baixa temporada. Enfim, nós e o comércio local do litoral fomos afetados por esse mix de situações”, lamenta.

Precisando ser resiliente, a Sevá luta para retomar as atividades e tem recebido ajuda de diversas maneiras. Uma delas veio da Avós, que abriu seu espaço em São Paulo, na última quarta-feira (15), para a marca de São Sebastião.

Lá, a Sevá plugou seus chopes em um evento com música ao vivo. “A Cervejada do Bem, ideia que partiu do Junior Bottura, da Avós, e uma outra ação que fizemos com o (Alexandre) Bleed, o Doutor Breja, foram as únicas entradas nesse mês tão difícil. Portanto, essa ação foi primordial para conseguirmos respirar e tentar buscar um novo caminho para a marca”, conta Piva.

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O cervejeiro destaca que todo o valor arrecadado vai ser direcionado para o conserto dos veículos, para que possam voltar a ser usados pela Sevá. “Seja aqui na praia ou em outros lugares, só precisamos trabalhar. Não temos nem palavras para agradecer a gentileza da Avós em nos ceder o espaço para esse evento e por todo suporte na comunicação dele. Muito obrigado, vocês foram incríveis”, diz.

Neste mês de março, além dos custos de peças e manutenção dos veículos, a Sevá recebeu todas as contas dos investimentos feitos para o carnaval. Assim, se apega à solidariedade nessa retomada. “Na semana passada, fizemos uma ação de vendas com Alexandre Bleed, o Doutor Breja, que ajudou na divulgação e venda dos nossos kits em São José dos Campos e região. Foi bem legal”, comenta o cervejeiro.

Neste momento de baixo movimento na região e com a necessidade de escoar os produtos, a Sevá ainda teve de repensar a sua forma de trabalhar, priorizando a busca por novos pontos de vendas para garrafas, latas e barris em São Paulo, interior, litoral sul e em outros estados.

A participação de eventos e feiras do mercado cervejeiro e gastronômico também passa a ser ainda mais relevante para a marca, além da abertura de uma frente de eventos com a Kombi de chope.  Fora isso, a marca trabalha para reativar seu site, com kits promocionais com entregas para todo Brasil. Além disso, mira a produção de cervejas colaborativas, o que reduz custos e permite a chegada a novos lugares.

A cerveja de Cambury
A Sevá se posiciona como “a cerveja de Cambury”. Com inspiração nas aves e na natureza, os rótulos são ilustrados com pássaros do litoral norte de São Paulo, com artes feitas por moradores ou frequentadores das praias locais.

O nome da cervejaria vem de “seva”, uma palavra do sânscrito, que significa fazer algo sem ter uma expectativa de retorno. “Foi assim que tudo surgiu, sem expectativa. Uma brincadeira de fazer cerveja em casa, associada à admiração pelas aves e uma pitada de criatividade”, conta Piva.

A cervejaria nasceu em 2020, quando Piva, depois de 6 meses de “brincadeiras” na cozinha de casa, decidiu transformar o hobby em trabalho. Hoje a Sevá atende restaurantes, mercados, adegas e pousadas do litoral norte paulista com latas e garrafas.

A marca também chega ao cliente final através de um carrinho de praia e uma Kombi adaptada para venda de chope. “Vendemos para alguns pontos de cervejas especiais em São Paulo, capital e interior, mas ainda em uma quantidade muito pequena”, diz o cervejeiro.

O público da marca é formado por moradores da região, além de turistas e pessoas que passam os finais de semana, feriados e temporadas no litoral norte paulista. “Temos 21 rótulos lançados no período de 2 anos. Repetimos um rótulo ou outro, mas sempre focados em lançamentos de produtos e inovação. Entendemos que o mercado cervejeiro é um mercado de experimentação, por isso sempre tentamos trazer receitas novas, com matérias-primas novas, algo diferente e atrativo para nossos clientes”, finaliza Piva.

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