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“Recebi muitos ‘nãos’ por ser mulher”, diz cervejeira da Goose Island

Em live do Guia, Marina Pascholati contou sobre sua experiência na produção cervejeira e os preconceitos dentro do segmento

Os preconceitos estão presentes nos diferentes ambientes da sociedade, incluindo o das cervejas artesanais, como ficou exposto nas últimas semanas com a divulgação de publicações machistas e racistas de figuras relevantes do segmento. Logo, é de se esperar que o caminho de qualquer mulher no setor seja mais difícil. O que dizer então das que assumem funções “no chão de fábrica”? Foi sobre tais desafios que Marina Pascholati, cervejeira da Goose Island, falou ao Guia em live realizada nesta semana.

Confira na íntegra a live do Guia com Marina Pascholati

No “chão de fábrica”, um lugar predominantemente masculino, Marina conquistou seu espaço e se tornou um exemplo para inúmeras mulheres que sonham exercer uma das profissões mais complexas no ambiente cervejeiro. Embora com anos de experiência, ela ainda precisa superar o preconceito no cotidiano. “Infelizmente, o machismo está presente em todos os lugares”, lamenta Marina.

“Senti mais o machismo na pele quando estava procurando um emprego e recebi diversos ‘nãos’ por ser mulher. Mas, onde estou hoje, acabei escutando o oposto: ‘Temos excelentes funcionários mulheres e isso jamais seria um problema para a gente’”, acrescenta a cervejeira da Goose Island.

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Formada em Engenharia Agrônomica e Tecnologia de Alimentos, Marina atua no setor desde 2014, quando começou sua trajetória ainda como estagiária. Isso ocorreu um ano após ter o primeiro contato com o universo cervejeiro, em uma viagem à Alemanha, em 2013, quando a diversidade e sabores dos rótulos locais conquistaram seu paladar e despertaram a curiosidade pela bebida.

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Sua primeira experiência na produção industrial de uma cervejaria foi na Dortmund Beer, em Serra Negra (SP). Ainda como estagiária, Marina precisou substituir o cervejeiro da casa, que teve de se afastar da função. “Uma mudança muito brusca e uma grande oportunidade profissional”, relembra.

O desempenho no “desafio” foi um sucesso e, após o término do estágio, ela foi contratada pela empresa. “Toda experiência de fazer a cerveja em casa foi crucial para o momento”, conta ela.

Vá em frente
Em sua visão, é importante falar do machismo para se exigir um tratamento respeitoso às mulheres. Mas Marina também aponta que o preconceito sofrido serviu como combustível para que ela pudesse seguir em frente. “O lado positivo foi também estar cercada de pessoas maravilhosas.”

Às mulheres que se inspiram em Marina e que também pretendem trabalhar com produção das artesanais, mas que temem ser alvo de preconceitos, como o sexismo e o racismo, a cervejeira deu um recado bem direto.

“Vai em frente. Bem clichê. Se tiver medo, vai com medo mesmo. Não vou dizer que é fácil, mas é um caminho que vale a pena. Se é o seu sonho então não há o porquê de não ir atrás”, destaca a cervejeira da Goose Island.

Marina avalia que os movimentos recentes de resistência e luta por igualdade no setor têm feito os profissionais do setor cervejeiro se unirem mais, principalmente as mulheres. “Acho importante elas saberem que existe essa rede de apoio e que estamos disponíveis”, diz. “A minha forma de reagir [às situações desagradáveis no trabalho como o machismo] é tentar ir pela autorreflexão ou, dependendo do local e da situação, ir pelo lado do humor e fazer a pessoa ficar sem graça.”

A cervejeira da Goose Island diz não ser um exemplo para outras mulheres, mas reconhece ser vista assim por algumas colegas, embora mantenha os pés no chão. “O que faço hoje é minha obrigação e é muito bom saber que inspiro outras pessoas. O meio cervejeiro é muito íntimo, mas ao mesmo tempo é muito expansivo e não é fácil de trabalhar, mas depois que entra não sai, é um mundo sem volta”, conclui Marina.

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