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Com passivo de R$ 55,4 mi, dona da marca Backer entra em recuperação judicial

Empresa agora precisará apresentar plano para pagar suas dívidas com credores

A Cervejaria Três Lobos, responsável pela marca Backer, entrou em processo de recuperação judicial. O pedido da empresa foi aceito pelo juiz Adilon Cláver de Resende, da 2ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte. Segundo a cervejaria, a solicitação se deve aos impactos financeiros causados pela maior tragédia já ocorrida no segmento cervejeiro do país, que aconteceu no final de 2019.

Ao aceitar o pedido da Três Lobos, o juiz nomeou a DMA Advogados Associados como administradora judicial da empresa. Além disso, a partir da data da publicação da decisão, que ocorreu em 19 de junho, a companhia tem 60 dias para apresentar um plano de recuperação judicial, caso contrário, poderá ser declarada falida. Também será necessário apresentar demonstrativos financeiros mensais.

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“Será apresentado aos credores um plano de pagamento, dentro das possibilidades da Backer para honrar seus compromissos. Acredito que eles têm potencial para quitar suas dívidas”, argumenta José Murilo Procópio, sócio da Advocacia Procópio de Carvalho, responsável pelo pedido de recuperação judicial, em entrevista ao Guia.

O juiz também deferiu alguns pedidos da Três Lobos. Ele determinou que, mesmo com contas atrasadas, os serviços essenciais de água e energia elétrica fornecidos por Copasa e Cemig, respectivamente, devem ser mantidos. Além disso, o juiz suspendeu o processo de despejo do terreno no bairro Olhos D’Água, em Belo Horizonte, onde estão localizados a sede administrativa e o parque industrial da empresa.

O risco de despejo foi uma das razões que levaram ao pedido de recuperação judicial, como explica Procópio. “Constatamos que era necessário entrar com o pedido de recuperação judicial, pois havia o risco iminente de despejo por falta de pagamento do aluguel, além das dificuldades financeiras envolvendo luz e água. Então, a alternativa foi preparar a documentação para solicitar a recuperação judicial”, diz.

No pedido, a Três Lobos informa que seu passivo sujeito à recuperação judicial é de R$ 55,418 milhões. A empresa afirma que chegou a esse ponto devido aos desafios enfrentados nos últimos anos, que afetaram suas operações a partir do fim de 2019, quando ocorreu o Caso Backer.

No pedido, a Três Lobos menciona os problemas enfrentados após a revelação dos casos de contaminação dos rótulos de suas cervejas, especialmente da Belorizontina, por dietilenoglicol, resultando em dez mortes e dezenas de feridos.

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A Backer chegou a ter sua fábrica fechada e ficou proibida de comercializar e produzir cervejas, sendo liberada somente em abril de 2022. A empresa afirma que enfrenta uma crise de liquidez, apesar da demanda de mercado por seus produtos, citando sua presença em 1.200 pontos de venda.

Além disso, a empresa afirma que investidores interessados em parcerias, com propostas de injeção de recursos para garantir a retomada em grande escala de certos rótulos, decidiram rever seus planos nos últimos meses, agravando os desafios econômicos da Três Lobos.

“Em mais um contratempo inesperado, o cenário de incertezas políticas vivenciado em razão da alternância de governo sinalizada a partir dos resultados das eleições de outubro de 2022 fez com que os investidores recuassem, cessando, ao menos por ora, os aportes financeiros regulares”, diz em seu pedido à Justiça.

Portanto, no pedido de recuperação judicial, a empresa responsável pela marca Backer indica que, sem a aceitação do pedido, teria dificuldades para continuar suas operações. “A Backer está enfrentando uma crise econômico-financeira em que precisa decidir onde alocar seus recursos e capital de giro: cumprir suas diversas obrigações relacionadas a esse processo ou investir na compra de insumos e matérias-primas para produzir e atender à demanda do mercado”, argumenta.

Além disso, a companhia destaca que, com a aceitação do pedido, poderá iniciar um processo de recuperação das suas contas, aproveitando sua experiência no segmento cervejeiro. “A verdade é que, voltando seu foco para a produção necessária a atender a certa e crescente demanda de um mercado ávido pelo que a Backer sabe fazer de melhor suas cervejas artesanais, não apenas será possível traçar um plano”, diz.

Recuperação judicial e caso criminal
O caso de recuperação judicial da Três Lobos é o segundo de grande impacto no setor cervejeiro brasileiro em 2023, seguindo os passos do Grupo Petrópolis, que também entrou com um pedido semelhante na Justiça do Rio de Janeiro em março, devido a passivos no valor de R$ 4,2 bilhões.

A recuperação judicial é uma modalidade prevista em lei para auxiliar empresas em dificuldades financeiras a continuarem suas atividades, gerando renda, empregos e pagando impostos. “A recuperação judicial foi uma medida adequada para o caso da Backer, pois eles estavam prestes a sofrer grandes prejuízos, o que afetaria não apenas eles”, argumenta Procópio.

Enquanto preparam uma proposta para seus credores, os responsáveis pela Cervejaria Três Lobos enfrentam uma outra questão, essa na esfera criminal, relacionada à contaminação das cervejas. Anteriormente, o Ministério Público de Minas Gerais apresentou uma denúncia solicitando o indiciamento de 11 pessoas, incluindo três sócios-proprietários da Backer: Ana Paula Silva Lebbos, Hayan Franco Khalil Lebbos e Munir Franco Khalil Lebbos.

As testemunhas de acusação e defesa já foram ouvidas pelo tribunal, que ainda irá colher os depoimentos dos indiciados em datas a serem determinadas, antes da realização do julgamento.

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