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Proximidade do consumidor é essencial para recuperação do setor cervejeiro em 2022

Atenção redobrada com atendimento, seja digital ou presencial, será uma exigência dentro do segmento ao longo deste ano

Após um ano em que a pandemia voltou a impor desafios ao mercado cervejeiro, assim como já havia ocorrido em 2020, as perspectivas para 2022 indicam obstáculos importantes a serem superados. Entretanto, as experiências acumuladas neste longo período de crise sanitária pavimentaram tendências e caminhos mais claros para que o setor possa trilhar uma rota de desenvolvimento sustentável neste ano, consolidando o começo de um processo de recuperação.

Especialistas ouvidos pelo Guia projetaram algumas perspectivas para 2022, apontando ações que ajudem a fazer a diferença para obtenção do sucesso comercial. E avaliam que elas passam pelo contínuo estreitamento da relação com o consumidor.

Leia também – Brasil melhora qualidade da produção, mas importa mais lúpulo em 2021

A utilização inteligente das plataformas digitais se mostrou uma exigência às cervejarias artesanais na pandemia, que se viram impactadas pela drástica redução da demanda antes proporcionada por bares e restaurantes. Com as restrições da Covid-19, foi preciso aprender a melhorar o atendimento e a usar com eficiência os canais de delivery para que elas continuassem operando. Mais do que meras tendências para 2022, se tornaram exigências para quem deseja ser competitivo.

“É entender que agora somos híbridos. Digital ou ao vivo, o atendimento está em muitos canais. Aprendemos diferentes formas de vender a cerveja artesanal e as redes sociais tiveram um papel importante, mas o atendimento presencial conecta as experiências de formas mais complexas”, alerta a sommelière de cervejas Bia Amorim.

A jornalista e sommelière Fabiana Arreguy também avalia que as companhias hoje já compreendem o varejo como uma possibilidade de proteção contra eventuais oscilações do mercado, assim como conseguiram otimizar a produção em momentos da crise.

“As cervejarias podem ter aprendido a otimizar seus processos e técnicas para diminuir custos sem perder qualidade. Podem ter visto também que estar em redes de varejo lhes dá mais visibilidade e vendas garantidas, mesmo em tempo de crise”, diz.

O reforço da relação com os clientes e seus potenciais futuros consumidores também é visto como essencial por Sady Homrich, engenheiro químico, especialista em cervejas e baterista da banda Nenhum de Nós. Ele lembra que os cenários político e financeiro obrigam as cervejarias a oferecerem algo além de um produto de qualidade. É necessário criar empatia e construir valores sólidos como empresas, para cativar o público, fatores que também têm de estar casados com estratégias de preço e posicionamento da marca frente à concorrência.

“O consumo local ficou muito fortalecido e esse é o modelo que acredito ser o mais razoável/rentável a médio e longo prazo”, opina Sady.  “Os empresários que experimentaram um senso de ‘bem comum’, se esforçando para manter a equipe mesmo que a duras custas, e integrando-se à sociedade com ações solidárias agora poderão se beneficiar de um time fortalecido e um pertencimento da marca frente ao consumidor”, reforça.

Delivery mantém importância
Em um cenário desafiador e de incertezas em relação ao retorno financeiro que poderá ser alcançado, a capacidade das cervejarias de atrair os consumidores e facilitar o acesso direto aos produtos por meio das plataformas digitais também é qualificada como essencial por Luís Celso Jr., sommelier e fundador do Bar do Celso.

“O mercado cervejeiro aprendeu muito com a pandemia, aprendeu principalmente, de uma maneira não muito boa, a ser mais criativo sobre como comercializar o seu produto e como chegar até o consumidor. Acho que o fornecimento direto das cervejarias para o consumidor é um movimento sem volta, que foi acelerado pela pandemia”, enfatiza.

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O especialista também exalta o aprimoramento dos serviços de entregas, que se tornaram mais necessários e evoluíram de forma significativa, hoje sendo parte fundamental para um negócio ser bem-sucedido no mercado cervejeiro. E este objetivo está ligado a uma digitalização eficiente para seduzir consumidores exigentes e ávidos em aproveitar as inúmeras facilidades proporcionadas pela internet para a compra dos produtos.

“A gente aprendeu que delivery é muito importante e isso não tem volta. A gente também teve muitas lições do modelo de negócio enquanto digitalização. Houve uma digitalização crescente dos modelos de negócio, inicialmente para um delivery e depois para um e-commerce. As cervejarias, os fornecedores de cerveja e os produtores estão cada vez mais em contato direto com o seu consumidor através dessa digitalização, assim como os bares e as lojas de cerveja procuraram seguir este movimento”, completa Celso.

Início de uma recuperação
Ao projetar um para o setor cervejeiro neste ano, Celso é cauteloso ao lembrar que o potencial de consumo caiu na pandemia e isso tem atingido de forma importante este segmento, que ainda contou com aumento de preços em um 2021 com inflação elevada e escassez de matéria-prima.

“A gente espera uma maior estabilização do cenário, a retomada da confiança do consumidor, que vem segurando muito a grana porque o futuro está muito incerto. Na medida em que ele se sentir mais seguro, ele volta a investir, a comprar, e isso se reflete no comércio, nos bens de consumo não essenciais, o que é o caso da cerveja”, analisa o especialista, que também procura olhar 2022 como o começo de uma reação do segmento.

“Acho que ainda não vai ser um ano de completa recuperação. A gente ainda não sabe como vão ser essas variantes e como vai ser o desenvolvimento da pandemia, mas é um primeiro passo para uma recuperação para os próximos anos, além de 2022”, vislumbra Celso.

Essa recuperação, como destaca Bia, precisa vir acompanhada da qualificação e da obtenção de uma cultura cervejeira, para o amadurecimento das companhias, projetando um rumo a ser seguido ao longo desta década.

“Espero que o mercado cervejeiro amadureça e esteja disposto a enfrentar as consequências de uma crise, seja ela econômica, seja uma consequência moral. Como mercado precisamos nos abrir para conversar, ter congressos técnicos, palestras, mesas-redondas, debates sobre cultura cervejeira, técnica, estilos e inovação. E é um bom momento para desenhar como queremos estar nos próximos dez anos”, diz a sommelière.

Tendências em estilos
Da mesma forma que a pandemia aumentou a preocupação das pessoas com a saúde em todo o mundo, no mercado cervejeiro o crescente consumo das cervejas sem álcool ou com baixo teor alcoólico despontou e continua sendo uma das tendências para 2022. Em expansão e com uma gama de opções mais atrativa e maior do que em um passado recente, esta fatia do setor vem ganhando mais consumidores. E isso não mudará ao longo deste ano.

“Juicy IPA, ácidas complexas e RIS continuarão em alta, assim como as cervejas da outra ponta não tão intensa, como as Sessions e 0%. Ainda estou esperando a tendência de Lagers sofisticadas chegar no Brasil, espero que 2022 tenha esse encontro”, projeta Bia.

A jornalista e sommelière Fabiana Arreguy também aposta nestas tendências e lembra que a diversificação dos produtos oferecidos pelas cervejarias também já começou a ser adotada por marcas que enxergaram a oportunidade de produzirem outras bebidas.

“Para o ano de 2022 eu vejo um aumento da concorrência dos destilados em relação às cervejas. Tanto assim que grandes e pequenas têm investido nisso, criando seus próprios gins e uísques, diversificando seu mix de produtos”, ressalta a especialista. “Em relação a tendências para cervejas, acho que o uso dos insumos brasileiros, principalmente os lúpulos colhidos no Brasil, será o carro-chefe. Acho que as cervejas sem álcool, ou de baixo teor alcoólico, continuarão sendo tendência com maior demanda para elas”, completa Fabiana.

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