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Consciência Negra: A cerveja conta história

Cerveja Zumbi foi concebida pensando nos elementos de uma feijoada, sendo cítrica, com camadas frutadas e com graduação alcoólica de 7,5%

* Por Sara Araujo

Há um tempo recebi um convite para escrever sobre questões raciais, mas queria falar sobre cerveja, afinal, ela tem sido meu objeto de estudo há dois anos. Como novembro é um mês focado nas demandas da população negra, encontrei uma forma de tocar em questões sensíveis, porém, sob a perspectiva de quem tem algo a mais para dizer, ou seja, posso falar sobre outros assuntos e, seguindo essa trilha, apresento a vocês uma cerveja feita em homenagem a Zumbi dos Palmares, projeto da Cervejaria Zapata.

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Um dos autores do rótulo é o cervejeiro Emerson Bittencourt Ferreira, que à época trabalhava na cervejaria.

Conversei com o Emerson, ele me contou um pouquinho sobre a cerveja. “A Zumbi foi pensada em um momento em que a cerveja deixou de ser coadjuvante, apenas regando os assuntos de bares e passou a protagonizar a mesa, tornando-se o assunto! Daí a ideia de trazer esta pauta tão importante para a história! A construção do rótulo foi pensada para encapar essa história e preparar a pessoa para o que estava por vir, com beleza e seriedade!”.

Ele explicou que a Zumbi foi concebida pensando nos elementos de uma feijoada. A cerveja é cítrica com camadas frutadas, graduação alcoólica de 7,5% e um amargor bem proeminente – são 75 IBUs. Força é o que não falta nessa Black Beetle IPA.

Pensando na fala do Emerson, resolvi fazer uma harmonização singular. Sabemos que harmonização é ciência, isso é fato, está implicada em linhas harmônicas como: semelhança, contraste, corte, equilíbrio de forças, complementação.

Olhando essa cerveja, me direciono para algumas linhas, harmonização pelo corte, pensar um prato mais untuoso e deixar o álcool fazer o seu papel na boca; um prato mais adocicado e deixar o amargor equilibrar os sabores; ou pensar pratos robustos e com personalidade para equilibrar as potências dos elementos.

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No entanto, fiz um caminho da experimentação, e decidi trazer a beleza pontuada pelo cervejeiro. Fiz uma salada de serralha e frutas tropicais, temperada com pesto de hortelã e tomilho. Essa harmonização inusitada ficou incrível.

Voltando aos objetivos que me trouxeram até aqui, quais sejam parabenizar o Emerson pelo rótulo incrível, a imagem de Zumbi estampada na garrafa é de uma grandiosidade imensa. E trazer para quem ainda não conhece alguns nomes de homens negros e mulheres negras que atuam no campo da cerveja, os/as conheci há pouco tempo, são eles: Paulão Silva, cervejeiro, idealizador e apresentador do programa Brassaria; Nadhine França, cervejeira, sommelière, atual presidente executiva da Abracerva; Diego Dias, designer gráfico e sócio-fundador da Implicantes; Gabriella Rubens, administradora, sommelière de cervejas e cervejeira; Stetison Jr., da Cerveria Costa Leste; Carlos Felipe Santos de Freitas, fundador e editor do portal Catalisi; Adriana Santos, cervejeira caseira e sommelière; Jéssica Hilário de Souza, sommelière; Fernanda da Costa, sommelière e organizadora de passeios e viagens cervejeiras (@Cerviajona); Tayná Morena, marketing digital para cervejarias na @bluebeetlemkt; Sulamita Theodoro, gestora de eventos e sommelière de cervejas; Danielle Lira Edmundo, sommelière, sócia e proprietária do Torneira Bar; Maria Eduarda Vitorino, pesquisadora em biotecnologia e cervejeira. Sei que existem muitos mais, no entanto, estão aqui, aqueles e aquelas que me enviaram seus nomes.

Esse texto é uma homenagem não só ao 20 de novembro, mas, sobretudo, aos/as que carregam o legado de Zumbi.

Sara Araujo é bacharel em direito, acadêmica de Ciências Sociais e beer sommelière

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