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Apoio a microempresas, diálogo e inclusão: Os efeitos da eleição de Biden ao setor

Avaliação de especialistas é de que iniciativas de Biden para recuperar a economia podem ser aproveitadas por microcervejarias

A eleição do democrata Joe Biden para a presidência dos Estados Unidos impôs a primeira derrota a um candidato que buscava a reeleição desde 1992 e deve provocar mudanças na rota da gestão pública do país. A adoção de novas estratégias tende a provocar mudanças que podem influenciar no negócio cervejeiro, sobretudo em função do incentivo para microempresas, segundo especialistas consultados pelo Guia.

Biden superou nas urnas o republicano Donald Trump, aparentemente punido pelo eleitor por sua postura – muitas vezes negacionista – na gestão da crise do coronavírus, que provocou mais de 241 mil mortes no país. Além disso, o país soma 12,6 milhões de desempregados, de acordo com dados divulgados em outubro.

Leia também – Chinga Tu Pelo: A cerveja que desafiou Trump em favor da comunidade latina

Para mudar esse cenário, os Estados Unidos precisarão combater a pandemia com uma gestão eficiente e seguir as orientações da ciência, como vem sendo prometido por Biden, o que inclui o estabelecimento de um sistema nacional para testagem de casos. Isso deve ser um passo inicial da recuperação econômica, como destaca Cilene Saorin, diretora da Doemens Akademie no Brasil.

“Com uma gestão eficiente, o país retoma as atividades econômicas o mais rapidamente possível com o menor impacto social possível. Vale lembrar que pessoas saudáveis, rodeadas de sua família e amigos igualmente saudáveis, são mais felizes e assim produzem e consomem mais – inclusive cerveja. E a economia gira”, afirma Cilene.

Além de lidarem com a pandemia e seus efeitos sanitários, será urgente, portanto, para Biden e sua vice, Kamala Harris, a apresentação e a implementação de um programa de recuperação econômica, algo que eles têm indicado como prioridade, inclusive com a promessa de adoção de um auxílio emergencial.

É possível, também, imaginar a criação e concessão de incentivos para pequenos empreendedores, algo que poderá ser aproveitado pelas cervejarias artesanais do país.

“Penso que pode valorizar ainda mais as microcervejarias por propor ações de financiamento para micro e pequenas empresas”

– Amanda Reitenbach, CEO do Science of Beer Institute

Já Cilene lembra que a recuperação econômica traz efeitos em cadeia e pode atingir positivamente o segmento cervejeiro, pois faria mais dinheiro circular.

“Dinheiro alocado de maneira correta também ajuda o país a sair da crise girando a economia. Pessoas felizes, e com dinheiro, produzem e consomem mais – inclusive cerveja”

– Cilene Saorin, diretora da Doemens Akademie no Brasil

Outro ponto de mudança relevante indicada por Biden, como destaca Cilene, é a retomada da participação dos Estados Unidos no Acordo de Paris, que busca enfrentar o aquecimento global e o incentivo aos investimentos em energia limpa para redução de emissão de carbono no longo prazo. Uma ação que tende a afetar toda a cadeia econômica mundial.

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“A desaceleração do processo de aquecimento global certamente reduzirá chance de eventos climáticos adversos como longos períodos de calor e seca. A mudança climática deve afetar todos os aspectos da gestão de recursos na produção, distribuição e comercialização de cervejas em futuro próximo. Isto não é uma suposição. Isto é uma afirmação. A começar pela disponibilidade de água. E sem água, nada há”, destaca Cilene.

Ampliação do diálogo
Em seus atos à frente da presidência dos Estados Unidos, Trump também ficou marcado pela busca de polarização e de disseminação de informações falsas, algo visto durante o próprio processo eleitoral com acusações de fraude, mas sem apresentação de qualquer evidência.

Nesse caso, a guinada em atos e comportamentos tende a ser até mais marcante do que a das pautas econômicas. Afinal, Biden já indicou a possibilidade de ampliar o diálogo com rivais políticos dos Estados Unidos. A avaliação, ainda, é de que uma nova postura do governo pode ampliar a exportação e a importação.

“Vale ressaltar que, em seu discurso de vitória, Biden prometeu acabar com a rivalidade com a América Latina e construir pontes, o que de fato por si só já é positivo, pois retira o discurso de ódio e abre portas ao diálogo que pode favorecer importações e exportações”, analisa Amanda, apostando que a gestão de Biden será mais inclusiva para as minorias, além de ter foco especial para a ciência, a cultura e o conhecimento.

O combate ao racismo foi uma das bandeiras de Biden na campanha, sendo que Kamala Harris é a primeira vice-presidente mulher e negra dos Estados Unidos. “As palavras de união com imigrantes e sua preocupação com educação, ciência, acordos internacionais, além de falar abertamente sobre o racismo estrutural, nos enchem os olhos de esperança”, acrescenta a CEO do Science of Beer Institute.

Cilene, por sua vez, reforça que uma sociedade mais inclusiva e plural traz, consigo, resultados positivos para a economia. “A coexistência saudável e pacífica na pluralidade eleva o nível de felicidade e o senso de pertencimento. Isso, por sua vez, pode gerar congregação e reflexos em consumo – inclusive cerveja.”

Concorrência leal
Na visão de Amanda, os discursos pós-vitória de Biden – em tom claramente conciliador – e seus planos indicam, também, uma inspiração: a de que concorrentes não devem ser encarados como adversários. Ela exemplifica como isso funcionou como estratégia para a Brewers Association (BA, na sigla em inglês) aumentar a participação das cervejas artesanais no mercado norte-americano.  

“A BA, quando começou sua campanha para aumentar o volume de vendas das cervejas artesanais nos EUA, fez um compromisso: ‘até atingirmos 15% do mercado, ninguém é inimigo de ninguém, vamos lutar todos juntos pelo setor.’ Funcionou! E a regra se aplica até hoje, mesmo já atingida a meta”, aponta Amanda, destacando que esse esse rumo pode ser seguido pelas artesanais brasileiras, ainda com presença diminuta no mercado nacional.

“Esse exemplo nos aponta uma direção. Que paremos de enxergar o vizinho como adversário, que paremos de tentar barrar o crescimento do outro. O setor precisa de força, união, pluralidade e olhar atento a todas as mudanças que precisamos fazer”, conclui a CEO do Science of Beer.

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