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No Dia do Mestre-Cervejeiro, mulheres avaliam desafios e participação no setor

Embora a participação feminina no setor seja de apenas 11%, Ambev estima que 50% dos seus mestres-cervejeiros sejam mulheres

Divulgado em outubro de 2019, o 1º Censo das Cervejarias Independentes Brasileiras apontou que o ambiente do setor ainda é bastante masculinizado, com 89% dos profissionais sendo homens. Mas, ainda que os números confirmem que a presença feminina é diminuta e precisa aumentar muito, há bons exemplos a serem apontados nesta sexta-feira, 19 de junho, quando se celebra o Dia do Mestre-Cervejeiro.

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Afinal, a visão que associa a bebida ao universo masculino representa um erro histórico. Estudos apontam que a mulher foi a inventora da cerveja, assim como teriam sido elas as responsáveis pela inserção do lúpulo na receita.  

“O universo cervejeiro é, de forma geral, machista, por isso as cervejarias devem olhar o tema com atenção e investir em frentes de apoio à pluralidade de vozes, além de incentivar movimentos inclusivos, já que a mudança vem de dentro”, avalia Laura Aguiar, mestre-cervejeira da Ambev há dez anos.

A multinacional estima que, para cada homem na função de mestre-cervejeiro, exista uma mulher exercendo o mesmo cargo na sua estrutura. Bacharel em Química, Rozilene de Sá é uma delas. E acompanhou de dentro das fábricas o crescimento da presença feminina, pois trabalha na Ambev desde 2001. Além disso, participa de uma confraria cervejeira com outras mulheres.

Com toda essa experiência, ela condena um mito preconceituoso envolvendo a cerveja, o de que o público feminino prefere rótulos mais leves. “É inegável o crescimento do interesse de mulheres em se especializarem na área e isso é reflexo da representatividade de profissionais que cada vez mais quebram estereótipos de que mulher não faz nem toma cerveja. Inclusive, olhando para as consumidoras, precisamos parar de associar certos estilos de cerveja a mulheres, como se só gostássemos de degustar cervejas leves e suaves”, comenta Rozilene.

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Outro exemplo de expansão da presença feminina no setor vem da Proa Cervejaria, uma marca artesanal produzida na Bahia. Lá, metade do quadro de oito funcionários é composta por mulheres. A sócia-proprietária Débora Lehnen, que é mestre e bacharel em química e mestre-cervejeira, reconhece, porém, que o caso da sua empresa é uma exceção. “Apesar de ser um quadro congênere, para um mercado em que as mulheres são minoria, isso é bastante representativo”, avalia.

Já Maria Eduarda Victorino, farmacêutica formada em tecnologia cervejeira e pesquisadora de processos fermentativos do Laboratório de Biotecnologia Microbiana (LABIM-UFRJ), avalia que o momento tem sido de resgate histórico da importância da presença feminina na produção cervejeira.

“Fico empolgada em observar esse resgate, vendo cada vez mais mulheres em eventos voltados para a cerveja. Como faço parte de um coletivo formado por mulheres, o @pretascervejeiras, tenho a oportunidade de estar sempre trocando conhecimento com aquelas que querem aprender mais sobre a bebida para que possam produzir para consumo próprio ou, até mesmo, para ingressar nesse mercado de trabalho”, diz Maria Eduarda.

Mulher e negra, ela aponta, no entanto, que há ainda muito a avançar para que a equidade de gênero se torne uma realidade dentro do setor. O Dia do Mestre-Cervejeiro é, portanto, uma oportunidade para apontar o caminho a ser percorrido.

“Questões relacionadas à raça e classe social também precisam ser consideradas. As cervejarias, assim como todas as empresas, precisam atuar para garantir as mesmas oportunidades a todos. A adoção de um ambiente mais plural, formado por pessoas de diferentes backgrounds é favorável tanto para a empresa, quanto para a sociedade como um todo”, conclui.

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