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Preocupação com inflação e 2023 sobrepõe expectativa de recuperação plena dos bares

bares inflação
Incertezas macroeconômicas deixam representantes de bares cautelosos para próximos meses

A retomada do setor de alimentação fora do lar depois de dois anos duríssimos, provocados principalmente pela pandemia, é vista sob a esperança de reaquecimento econômico, mas também de incerteza para bares e restaurantes, por causa da inflação no Brasil e dos temores envolvendo a conjuntura econômica para 2023.

Na terceira matéria do Guia sobre o cenário deste segmento, após a primeira abordar o sofrimento dos bares com o endividamento e os efeitos da inflação e a segunda destacar como a queda do poder de compra freou o reajuste dos preços da cerveja nestes estabelecimentos, representantes do setor apontam suas perspectivas para o restante de 2022 e o próximo ano.

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Embora julho tenha registrado uma deflação histórica, de 0,68%, puxada pela queda dos preços de combustíveis e energia, a inflação segue sendo uma preocupação para bares e restaurantes para o segundo semestre, ainda mais que o grupo de alimentos e bebidas apresentou alta de 1,20% no período, o que mantém o alerta aceso.   

“A gente pode afirmar, porque é uma questão global e não só em relação ao Brasil, e nem só em relação aos restaurantes, que a inflação vai continuar. Talvez não crescendo na mesma velocidade do que nos últimos 12, 18 meses, mas ainda sendo motivo de preocupação e de limitação ao consumo e para a rentabilidade dos negócios”, diz Fernando Blower, diretor-executivo da Associação Nacional de Restaurantes (ANR).

Diretor e sócio-fundador do BaresSP, o maior guia desta categoria cujo nome batiza a entidade representativa de bares e restaurantes da capital paulista, Fábio de Francisco também exibe preocupação com a inflação, especialmente em um cenário de desafios para bares que ainda estão endividados.  

“A projeção para o segundo semestre não é a melhor possível tanto pelos estabelecimentos endividados quanto pela população estar com menor poder de compra. No ano que vem, com a troca de governo, isso tende a melhorar. Mas acaba tendo esse impeditivo da inflação, que realmente impacta demais o setor”, analisa.

Por outro lado, o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci, avalia que ao menos a pressão dos custos sobre bares e restaurantes pode cair com a recente redução dos preços dos combustíveis. “Isso tende a reduzir os custos, tanto de forma mais direta, com os moto-entregadores, quanto com o seu efeito indireto na formação geral de preços. O mês de junho teve um primeiro cenário positivo, com um importante recuo de preços de alguns alimentos importantes para nós. Em julho, continuaram as melhoras, como o caso da gasolina, e até a energia deu um pequeno recuo. Se continuarmos assim, as coisas podem melhorar no segundo semestre. Isso é o que nós estamos esperando, torcendo e precisando”, ressalta.

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Solmucci, prevê que o setor irá fechar o segundo semestre em expansão, embora encarando o desafio da perda de poder de compra do consumidor. O setor vem vendendo muito bem e é muito provável que 2022 termine com crescimento real de 5%”, diz. “Para nós, é muito positiva a questão do emprego, que cresce muito no Brasil, surpreende e faz com que mais gente tenha condições de comprar, ainda que o bolso esteja apertado, já que essas pessoas conseguiram emprego, mas com salários menores”, enfatiza.

Assim, mesmo com a perda de 8,7% na renda média do brasileiro no período de um ano, segundo estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), e de 64% dos estabelecimentos não estarem dando lucro, de acordo com levantamento recente da própria Abrasel, Solmucci cita fatores conjunturais para apostar em um restante de 2022 positivo.

“Há mais fatores positivos para estimular isso: a economia foi melhor do que o previsto no primeiro semestre e nós temos a possibilidade de o Auxílio Brasil vir a chegar em R$ 600, o que faz uma diferença enorme para 80% das empresas que estão na base do setor. Há também a questão da classe média alta, que viajou menos e, assim, está gastando bastante nos restaurantes mais sofisticados, além do retorno da normalidade, com as pessoas de volta às ruas”, reforça o presidente da Abrasel.

Esse otimismo, porém, tem como contraponto a incerteza com os efeitos que as eleições de outubro podem ter sobre o setor, na avaliação de Blower. “O segundo semestre tem um grau de imprevisibilidade grande, sobretudo por conta do processo eleitoral, que é sempre difícil. Fazer previsões acaba sendo imprudente. Então, temos um nível de incerteza muito grande”, enfatiza.

Incertezas para 2023
Se agentes de mercado, como economistas e analistas, preveem uma alta do PIB menor em 2023 – 0,4% – do que em 2022 – 1,98% –, segundo a última edição do Boletim Focus, os representantes de bares e restaurantes não estão mais otimistas para o próximo ano.

O diretor e sócio-fundador do BaresSP revela que só espera por uma recuperação plena dos estabelecimentos de alimentação fora do lar a partir do segundo semestre de 2023.

Até o meio do ano que vem, ainda vai ter a turbulência da inflação. Depois do primeiro semestre, a coisa tende a estabilizar mais e vir realmente a retomada total do setor. A parcial já está acontecendo

Fábio de Francisco, diretor e sócio-fundador do BaresSP

O presidente-executivo da Abrasel também projeta desafios para 2023, apostando em uma expansão tímida dos bares e restaurantes. “A Abrasel continua otimista de que o Brasil gerará mais empregos neste ano, e isso é muito importante para nós. A inflação sendo reduzida e segurada abre espaço para uma melhoria da renda. Então, 2023 dependerá muito do cenário macroeconômico, mas a nossa expectativa é de que o setor continue a crescer”, diz o executivo. “Para 2023, estamos mais cautelosos e uma visão de momento seria terminar o ano com algo em torno de 1% de crescimento”, vislumbra.

Já Blower prevê mais meses de aprendizados para quem atua com bares e restaurantes. “Temos de pontuar a incerteza política e a inflação como algo extremamente preocupante. Esse alerta tem de permanecer e certamente transborda para 2023. A gente terá de aprender ainda mais do que já aprendeu nos últimos tempos, como aumentar a eficiência, como implementar processos de transformação digital que baixem custos operacionais, como estimular novos canais”, analisa o diretor-executivo da ANR.

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