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Produção de cevada deve se recuperar após queda em 2020, diz especialista

Alta do milho e valorização do trigo devem contribuir para a expansão da cultura da cevada no Brasil neste ano

O ano de 2020 foi desafiador para a produção da cevada no Brasil, com redução expressiva da safra em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, mas as expectativas são de bons resultados para 2021. Pesquisador da Embrapa Trigo, Aloisio Alcantara Vilarinho aponta ao Guia que os resultados positivos em 2020 se resumiram ao Paraná, mas prevê a reversão desse cenário nos outros estados da região Sul neste ano.

Vilarinho explica que o contexto envolvendo outras safras tende a favorecer a da cevada neste ano. O especialista destaca que a alta do preço do milho, que costuma ser usado como ração para aves e suínos, deve estimular o cultivo da cevada com o intuito de substituí-lo, ampliando a sua produção.

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“Na safra 2021, em virtude da alta nos preços do milho, principal produto nas rações utilizadas na cadeia produtiva da carne, principalmente na carne suína e de aves, está ocorrendo um estímulo à produção de cereais de inverno para uso na alimentação animal, em substituição ao milho nos estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o que poderá impulsionar o cultivo de cevada também para uso na alimentação animal nos próximos anos”, argumenta.

O pesquisador da Embrapa Trigo prevê uma expansão superior a 30% da área plantada para a cevada no Rio Grande do Sul em 2021. E destaca que a rentabilidade da cultura será positivamente influenciada neste ano pela valorização do trigo, percebida já desde 2020.

“Para 2021, no Rio Grande do Sul, existe um cenário mais favorável para a cevada, com aumento de 36% na área contratada para produção de cevada cervejeira e mercado inclusive para cevada que não der qualidade para malte”, comenta. “Os preços a serem pagos variarão de 120 a 135% do preço do trigo pão (PH 78). O preço será ainda 1% superior para cada ponto percentual acima de 85% de grãos da classe 1, podendo chegar a 150% do preço do trigo. Com a valorização do trigo a partir de 2020 e a tendência de permanecer esse cenário no curto e médio prazo, a rentabilidade da cultura da cevada tende a melhorar ainda mais.”

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2020 difícil
É um cenário bem diferente ao que o produtor de cevada encarou no Rio Grande do Sul no ano passado. Ao Guia, Vilarinho revela o encolhimento da safra no estado em 2020: houve redução de 31% na área plantada e queda de 43,6% na produtividade, em parte pelas incertezas provocadas pela pandemia do coronavírus. Perdas, portanto, que o pesquisador da Embrapa Trigo acredita que podem ser recuperadas pelos produtores gaúchos em 2021.

“No Rio Grande do Sul, houve uma redução muito acentuada na área plantada, de 56,7 mil hectares para 39,1 mil ha (redução de 31%), em função, principalmente, do cenário de incertezas provocado pela pandemia da Covid-19. Houve ocorrência de geadas em agosto, que afetaram principalmente as lavouras situadas mais a oeste do Planalto Médio, e escassez de chuvas a partir de setembro, que favoreceram a colheita, porém contribuíram para uma redução e 18,3% na produtividade, que ficou em 2.595 kg/ha”, aponta Vilarinho, para depois acrescentar.

“Com redução na área plantada e na produtividade, a produção caiu 43,6%, ficando em 101,5 mil toneladas. Na porção oeste do Estado, praticamente não se aproveitou nada do que foi colhido para a produção de malte, enquanto na porção leste do Planalto Médio em torno de 60% da produção foi aproveitada com essa finalidade”, complementa o pesquisador.

Essas dificuldades encaradas no Rio Grande do Sul não se repetiram no Paraná, destaque da produção de cevada no Brasil em 2020, como ressalta o pesquisador da Embrapa Trigo, com base nos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No estado, houve aumento da área e condições climáticas favoráveis, permitindo que praticamente toda a safra fosse utilizada na produção de malte, mesmo que a escassez de chuvas tenha representado um desafio.

“No Paraná, houve aumento na área plantada, passando de 60,7 mil ha, em 2019, para 63,6 mil ha, em 2020, um aumento de 4,8%. Apesar das chuvas irregulares a partir de agosto, com cenários de baixa precipitação, houve aumento de 5,4% na produtividade, que ficou em 4.259 kg/ha. A produção foi de 270,9 mil toneladas de grãos de alta qualidade, sendo praticamente toda a produção utilizada na indústria de malte”, detalha Vilarinho.

Ele aponta, ainda, uma queda brutal na área plantada de cevada em Santa Catarina no último ano. “Em Santa Catarina, houve redução na área plantada, que passou de 1.400 hectares para 700 ha. As frustrações de safra provocadas pela estiagem foram os principais responsáveis pela queda na área plantada em 2020”, conclui.

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