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Marcas usam tradição vinícola do Brasil na busca por excelência na Grape Ale

Ligada à vinícola, Alem Bier foi principal destaque do Concurso Brasileiro de Cervejas

A busca pela excelência na produção de cervejas pelas marcas artesanais do Brasil vem tendo a aliança com o mundo e as características do vinho. Aproveitando uma longeva trajetória do país na produção vinícola, especialmente na região Sul, algumas das mais renomadas e premiadas marcas têm unido essa tradição para adentrar em uma das tendências internacionais: a fabricação de cervejas do estilo Grape Ale e suas variações.

O estilo, surgido em cervejarias da Itália em meados dos anos 2000, ganhou projeção mundial em 2015, quando foi reconhecido pelo BJCP, o principal guia de estilos do mundo. Desde então, conquistou paladares – e medalhas – pelo mundo.

Leia também – Melhor cervejaria e rótulo: Alem Bier domina Concurso Brasileiro em 2023

Essa cerveja combina o perfil de um vinho espumante e uma cerveja de base relativamente neutra, permitindo que as qualidades aromáticas da uva se misturem com os aromáticos do lúpulo e da levedura, podendo variar de refrescante a complexo.

Nessas combinações, a proximidade entre cultivo de uvas e a cervejaria, pode trazer o terroir característico de cada região para o produto, que costuma ser fabricado em edições limitadíssimas, algo que acaba aguçando ainda mais a curiosidade do público cervejeiro, em trabalhos que têm sido reconhecidos pela excelência em competições cervejeiras.

No Concurso Brasileiro de Cervejas deste ano, por exemplo, o melhor rótulo entre todos os participantes foi uma Sour Italian Grape Ale, a Tannat Grape Ale, da Alem Bier. A marca da cidade gaúcha de Flores da Cunha, aliás, também foi eleita a melhor da competição, graças às várias medalhas conquistadas pela sua enorme variedade de Grape Ales, vencendo uma acirrada disputa com outra cervejaria do Rio Grande do Sul, a Leopoldina, de Bento Gonçalves.

“Ao pensar na produção de uma Grape Ale e suas variações, usa-se um processo já conhecido e consolidado, que é a produção de vinho, aliado à produção de cerveja, que garantem produtos de alta qualidade, com pouco ou nenhum defeito, além de proporcionar uma experiência diferente do que aquela única e exclusivamente do vinho ou da cerveja”, diz Danielle Mingatos, sommelière de cervejas e co-fundadora da Cia de Brassagem Brasil.

Mais do que a ligação do estado de origem, as duas cervejarias também estão próximas por suas relações com vinícolas. A Leopoldina, por exemplo, é pertencente ao grupo da Casa Valduga, conhecido pela produção de vinhos e espumantes. E possui desde 2015 uma Grape Ale em seu portfólio.

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Já a Alem Bier nem existia quando a Leopoldina apresentou sua Grape Ale ao mercado. Mas fundada em 2017, está localizada dentro da vinícola Monte Reale. É a atual bicampeã do Concurso Brasileiro de Cervejas, também tendo o melhor rótulo da disputa em 2021 e, agora, em 2023.

“As cervejarias que partem para esse estilo ou têm uma vinícola ou têm parceria com uma vinícola, e estas detêm a tecnologia do uso de madeiras e da produção de vinho, aliando este conhecimento para a produção de cerveja”, avalia a co-fundadora da Cia de Brassagem, que também fez parte do júri do concurso em Blumenau.

O sucesso de cervejarias ligadas à vinícolas também significa que essas marcas estão aproveitando uma tradição local envolvendo outra bebida para incrementar suas produções, apostando nas Grape Ales, como avalia Guilherme Rossi, atual vencedor do Campeonato Brasileiro de Sommelier de Cervejas.

“Faz sentido, tendo essa tendência no mercado mundial de se fazer cervejas com uva, que o brasileiro procure reproduzir esse estilo, porque já tem o mosto da uva, já tem a uva, até fazendo parcerias com vinícolas. Pode ser que isso seja também um motivo para que algumas cervejarias estejam investindo nisso, porque ninguém precisa importar a uva. Você consegue com um pequeno produtor, por exemplo”, diz.

O sucesso das Grape Ales em concursos também pode estar relacionado com a tentativas das marcas de acompanharem tendências mundiais. “Os estilos novos sempre vão ter uma repercussão maior. Tem mais cervejarias tentando fazer produtos dentro dessas novidades, assim como as mais gabaritadas buscam aprimorar os processos. Já foi assim com outros estilos e agora é com as Grape Ales”, avalia Gui Rossi.

Para além do sucesso em concurso, as Grape Ales também são vistas como atrativas para o consumidor pela grande variedade de opções, indo das ácidas mais leves até aquelas cervejas mais encorpadas, como destaca a co-fundadora da Cia de Brassagem. Não à toa, outras marcas conhecidas do segmento de artesanais se aventuram nesse estilo, como Cozalinda, Dádiva, Bodebrown, Campos do Jordão e Xamã, que ganhou suas duas medalhas em Blumenau em 2023 nesta categoria.

Vale observar que temos muitas variações que atendem desde pessoas que gostam de cervejas ácidas, com notas selvagens, até pessoas que gostam de uma cerveja mais frutada. As cervejas do estilo Grape Ale e suas variações conseguem atender uma grande gama de paladares

Danielle Mingatos, sommelière de cervejas e co-fundadora da Cia de Brassagem Brasil

Já para a sommelière de cervejas Paula Pampillón, as Grape Ales demonstram que há um mercado a ser explorado pelos produtores de vinho no Brasil, ampliando a relação entre os dois mundos. “É um fato importante para as cervejarias se posicionarem saindo do óbvio e buscarem novos horizontes. Ficou claro que com sabedoria e excelência as vinícolas encontraram um nicho no mercado nacional de cerveja”, diz.

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