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O que desafia brasileiros em campeonatos de sommeliers? Participantes opinam

Brasil levou dez representantes ao Mundial de Sommelier de Cervejas, realizado em Munique

De volta ao calendário de eventos após um período de três anos, o Mundial de Sommelier de Cervejas teve os representantes nacionais como coadjuvantes de uma festa europeia. Afinal, nenhum sommelier do Brasil presente à disputa – eram 10, no total – conseguiu a classificação à final da competição, realizada em Munique, na Alemanha, e organizada pela Doemens Academy.

Para alguns dos presentes ao campeonato, o resultado reflete a distância entre os sommeliers do Brasil e os estrangeiros, especialmente daqueles países onde existe tradição cervejeira milenar, nos quais a apreciação da bebida faz parte da rotina das pessoas, como observado por Bianca Telini, que fez a sua primeira participação em um Mundial de Sommelier.  

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“Eu me senti muito satisfeita com a minha participação, sendo meu primeiro campeonato, mas o caminho é muito mais longo. Vendo os participantes que são da Europa, percebemos o abismo que existe tanto em qualidade de acesso às cervejas quanto ao próprio conhecimento. Percebemos como os muitos anos à nossa frente de tradição cervejeira fazem diferença. São profissionais completos, eles vivem isso no dia a dia. O acesso a cervejas muito frescas faz muita diferença”, explica, à reportagem do Guia.

Além disso, outro aspecto citado pelos profissionais brasileiros envolve a preparação para o campeonato. Presentes ao Mundial de Sommelier de Cervejas, eles viram representantes estrangeiros unidos como um time, em aspectos que vão da vestimenta utilizada até a presença de técnicos e a realização de treinamentos em conjunto.

“Na delegação brasileira, todos somos muito competentes, mas sentimos uma defasagem em relação às outras. Falta um pouco de organização, de planejamento e de unidade, de ter um programa com o objetivo de colocar um brasileiro no pódio ou pelo menos ter alguma regularidade”, afirma Guilherme Rossi, o atual vencedor do Campeonato Brasileiro de Sommelier de Cervejas.

O ganhador do torneio nacional pontua, ainda, que após o campeonato, que classificou dez sommeliers do Brasil para a disputa do Mundial, não houve uma preparação coletiva para a disputa na Alemanha. “Depois do Campeonato Brasileiro, ficamos um pouco sem referência. Talvez falte aos próprios sommeliers brasileiros, regionalmente, organizarem comitês de estudo”, diz.

A importância de trabalhar em equipe também é destacada por Bianca, apontando que os treinamentos com a participação de outros sommeliers poderiam fazer a diferença no resultado em uma competição de altíssimo nível.

“Percebemos uma união muito grande dentro das delegações. Não tinham só um uniforme, mas também treinador, fizeram treinamentos juntos, algo que não tivemos no Brasil e pode ser mais complicado, até pelo tamanho do país. Mas é algo importante. Temos que pensar com uma equipe, para levar algum brasileiro à final. Treinamos individualmente e isso faz muita falta”, afirma.

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O campeonato
Para definir os classificados à final, o campeonato contava com uma prova prática em que os participantes precisavam identificar flavours em dez cervejas e seus estilos. Avançaram para a disputa do título aqueles que conseguiram entre 14 e 10 acertos, com a prova escrita servindo como critério de desempate.

“A dinâmica da prova foi bem difícil. Na prova de estilos, a paleta de cores era muito parecida”, diz Rossi. “É muito fácil você confundir. Eu mesmo inverti duas vezes os estilos no momento de identificá-los”, acrescenta.

E entre os 82 representantes de 18 países, avançaram oito nomes de cinco países: Suíça, Alemanha, Áustria, Portugal e Holanda. A disputa decisiva envolveu apenas uma mulher, a alemã Mareike Hasenbeck, em um desafio para se ter equidade de gênero no setor, tanto que repetiu o que aconteceu no Campeonato Brasileiro, em que Bianca foi a única representante feminina na final.

“Tem muito chão ainda para as mulheres. Ainda é um ambiente muito excludente, só tinha duas mulheres latinas e nenhuma negra no campeonato. Temos um caminho grande a percorrer, algo que já temos feito a passos lentos. Pretendo fazer algo nesses próximos dois anos, para que tenhamos mais representatividade”, afirma.

Conheça o campeão do Brasileiro de Sommelier de Cervejas

Entre os sommeliers do Brasil, Guilherme Rossi, Vinicius Cuozzo e Luis Henrique Volkart tiveram os melhores desempenhos, todos com oito acertos.

É tudo uma questão de detalhe, porque todo mundo sabe muito. O que faz a diferença na hora são as cervejas que você tem mais ou menos familiaridade e a postura emocional, se você está mais ou menos nervoso na prova

Guilherme Rossi, sommelier de cervejas

A final
Na final, houve uma avaliação às cegas de uma cerveja que precisava ter suas características apresentadas em até 5 minutos. E a organização optou por rótulos conhecidos mundialmente, como a Sierra Nevada Torpedo, a La Trappe Quadrupel, a Fullers ESB, Samuel Smith Imperial Stout e a Paulaner Salvator. Curiosamente, todas estavam à disposição dos participantes no jantar de recepção, oferecido pela Doemens na véspera do campeonato.

De fora da disputa, os representantes brasileiros puderam acompanhar as apresentações dos finalistas. O vencedor acabou sendo o suíço Giuliano Genoni, que fez uma apresentação sobre a Paulaner Salvator. O austríaco Felix Schiffner foi o segundo colocado, com Léon Rodenburg, da Holanda, na terceira posição.

“O terceiro colocado foi um holandês que fez uma apresentação super segura, estava de terno e gravata, foi bem técnico. Talvez tenha sido a apresentação que mais gostei. O segundo colocado foi um austríaco, um habitué no campeonato, um showman. Para você ter uma ideia, ele pegou um sabre e sabrou a garrafa em cima do palco, sendo visto por 300 pessoas. E o vencedor foi um suíço, da parte italiana do país. Ele fez a apresentação com da Paulaner Salvator, toda em italiano”, relata Rossi. “O primeiro colocado, que foi o participante da Suíça, foi um show fantástico. Ele estava falando para o público sobre a cerveja e não sobre ele”, acrescenta Bianca.

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