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Liga dos Campeões: E se a final fosse entre cervejas francesas e alemãs?

Antes de Paris Saint-Germain x Bayern de Munique, sommeliers debatem sobre as opções de cerveja alemã e francesa

Independentemente do resultado deste domingo, a final da Liga dos Campeões da Europa merece uma ótima cerveja. Afinal, reunirá em Lisboa times que representam países relevantes para o futebol, com suas seleções tendo sido as últimas campeãs mundiais.

De um lado, o Paris Saint-Germain é o atual tricampeão nacional – e a França conquistou a Copa do Mundo de 2018. Do outro, o Bayern de Munique ficou com a taça nas últimas oito temporadas da Alemanha, país que levou o Mundial de 2014 após o inesquecível 7 x 1 na semifinal contra o Brasil. Mas e se essa disputa fosse entre cervejas dos países desses clubes? Quem se daria melhor? Foi com esse intuito que a reportagem do Guia foi a campo, conversando com somelliers sobre quem venceria o jogo.

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Assim como ocorre dentro dos gramados, a tradição cervejeira alemã é bem maior do que a francesa. Afinal, se o Bayern atuará no Estádio da Luz na sua 11ª final da Liga dos Campeões e em busca do seu sexto título do torneio continental, o PSG só agora terá a primeira oportunidade de disputar uma decisão do torneio.

“A Alemanha é uma das maiores escolas cervejeiras, a cerveja faz parte da cultura e da formação do povo alemão. E é uma referência do setor no mundo. A França é um país de maior tradição vinícola. Mas tem 1.200, 1.300 cervejarias, o mesmo número do Brasil e com um território infinitamente menor. Tem uma produção grande e vem experimentando uma ascensão da artesanal. As fábricas estão concentradas nas fronteiras com a Bélgica e a Alemanha. E existe um estilo tipicamente francês, o Bière de Garde”, explica o jornalista e sommelier Rodrigo Sena.

Em sua campanha na Liga dos Campeões, o Bayern tem o polonês Robert Lewandowski como seu principal destaque, com 15 gols marcados, o que o torna o artilheiro da competição. É a grande aposta do time para a final no Estádio da Luz, assim como foi a South German Weizenbock para a sommelière Candy Nunes, que a escolheu para representar o país no desafio França x Alemanha proposto pelo Guia.

“Embora a França não seja reconhecida como responsável por uma escola, não há como negar a importância desse estilo, absolutamente francês, que contribuiu imensamente para a influência no universo das cervejas especiais, a Bière de Garde. Para representar a forte escola alemã, a escolha é uma South German Weizenbock”, diz Candy.

Promulgada no século XVI pelo duque Guilherme IV da Baviera, a Reinheitsgebot determinou que a bebida deveria ser fabricada tendo água, malte de cevada e lúpulo como ingredientes. A rigidez da Lei da Pureza da Cerveja também pode ser percebida pelo fã de futebol que tem acompanhado a campanha do Bayern na Liga dos Campeões, com a busca incessante pelos gols, como nos históricos 8 a 2 sobre o Barcelona, pelas quartas de final.

“A rigidez imposta pela Reinheitsgebot acabou por impelir a criatividade no processo de produção das cervejas alemãs. A Weizenbock, uma cerveja de alta fermentação, é um belo exemplo pois neste caso há permissão para amplitude de interpretação do cervejeiro, podendo variar a coloração de dourado claro até marrom escuro. Seu IBU também pode ir de 15 a 35 e a graduação alcoólica de 7% até 9,5%. Além disso, ela pode ou não ser refermentada na garrafa”, afirma Candy.

Como destaca a sommelière, as cervejas do estilo South German Weizenbock driblam a rigidez da legislação com criatividade e inventividade, dando ao apreciador da bebida diferentes opções de sabores. No Bayern, a busca pelo gol não passa só pelos pés de Lewandowski. Gnabry foi decisivo para a classificação do time à decisão ao fazer dois nos 3 a 0 sobre o Lyon pelas semifinais. Thomas Müller também tem sido peça importante do setor ofensivo e até Philippe Coutinho deixou o banco de reservas no duelo com o Barcelona para fazer dois gols.

É uma variedade que também pode ser identificada e percebida no estilo South German Weizenbock. “Como se identifica um estilo tão variável? Se identifica na marca registrada do time weizen, os ésteres e fenóis inconfundíveis, que remeterão ao sabor de banana e cravo, além da notável carbonatação. Tudo isso com contribuição bock que rapidamente lhe trará aquele confortável aquecimento alcoólico. No caso dos exemplares mais escuros do estilo, notas tostadas ficam aparentes no sabor”, acrescenta Candy.

Rival do Bayern na decisão, o PSG costuma depositar suas esperanças em duas estrelas mundiais: Mbappé e o brasileiro Neymar. A trajetória do time até a final deste domingo, porém, mostrou outros protagonistas: o também brasileiro Marquinhos marcou um gol nas quartas de final e outro na semifinal, contra o RB Leipzig. Na partida, vencida por 3 a 0, o argentino Di María foi o principal destaque, com um gol e participação nos outros dois.

O time parisiense, assim, parece ter se consolidado pela coletividade. Seguindo por essa linha de raciocínio, é, como diz Candy, se “qualquer um pudesse fazer cerveja”, algo que está no marco do surgimento do estilo Bière de Garde.

“Para os franceses, a liberdade sempre fala alto e aqui temos um belo exemplo de como qualquer um pode fazer cerveja! A Bière de Garde, ou cerveja de guarda, não era originalmente produzida por cervejeiros, mas sim por fazendeiros que, no inverno, onde não havia atividade no campo, passavam a produzir cerveja que seria consumida alguns meses à frente, no verão. O bagaço dos maltes alimentaria ainda o gado, pois as pastagens estavam congeladas”, detalha ela.

As características de uma Bière de Garde podem variar de acordo com escolhas na sua concepção, como o tipo de malte, explica Candy. Mas o importante é que o resultado permita ao consumidor se sentir, com a sua cerveja, em um momento idealizado – e, no caso dos torcedores do PSG, com a inédita conquista da Liga dos Campeões.

“A Bière de Garde pode ser de alta fermentação ou híbrida. Pode ser dourada, acobreada ou marrom, a depender da escolha do cervejeiro entre os maltes blond, ambrèe ou brown. Sua graduação alcoólica varia de 4,4% a 8,0%, com IBU de 20 a 30. Com amargor moderado, marcado por aroma e sabor de lúpulos nobres, tem presença de ésteres frutais leves. Particularmente, desejo encontrar em uma Bière de Garde notas terrosas e rústicas, que remetem a couro, estábulo, e assim me transportar para uma fazenda exuberante em pleno verão francês”, acrescenta Candy.

A final deste domingo será a quarta entre clubes da Alemanha e da França em torneios continentais. Com triunfos de Bayern na Copa dos Campeões (a atual Liga dos Campeões) de 1976 e na Copa da Uefa (a atual Liga Europa) de 1996, além do Werder Bremen na Recopa Europeia de 1992, o predomínio é alemão.

Algo que Rodrigo acredita se repetir entre as cervejas. “A Alemanha tem diversos estilos, das Lagers até as cervejas de trigo, tradicionais da Baviera. Tem qualidade e muito mais quantidade. Se fosse Alemanha x França, Munique x Paris seria 5 a 2”, garante o especialista.

Na briga entre Bière de Garde e South German Weizenbock, por sua vez, Candy faz uma difícil escolha, como para opinar sobre o favorito na decisão deste domingo. E fica ao lado dos franceses. “Dois estilos de cerveja robustos, com ampla possibilidade de variação, cheias de personalidade e com todo potencial para conquistar a vitória no seu paladar. Quem você acha que deve ganhar? Uma disputa bem acirrada. Eu vou de Bière de Garde!”, conclui.

Independentemente das preferências, a final da Liga dos Campeões, a partir das 16 horas (de Brasília) deste domingo, merece ser acompanha com uma boa cerveja – francesa ou alemã – nas mãos. Com craques como Lewandowski, Neymar, Mbappé e Müller em campo, o vencedor será o fã de futebol e o cervejeiro.

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