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Mais ingredientes locais e sustentável: Veja previsões sobre a cerveja do futuro

No Pint of Science, especialistas apontaram espaço para o lúpulo nacional e inovações em leveduras no setor cervejeiro

O futuro da cerveja passa diretamente pela sustentabilidade e pelo maior uso de ingredientes locais, tendências possíveis em função da ampliação da relação do setor com as universidades e a ciência. A previsão, que passa pela preocupação econômica, social e ambiental, poderá gerar mais opções de sabores, conquistar mais consumidores e assegurar custos de produção mais baixos. Logo, a cerveja poderá até ficar mais barata no Brasil.

Essas tendências foram apontadas durante a mesa-redonda A Cerveja do Ano que Vem, que reuniu representantes femininas relevantes da ciência e do segmento no Brasil, na versão de Petrópolis do Pint of Science, evento internacional criado para levar o conhecimento científico das universidades e institutos de pesquisas diretamente para as pessoas, em conversas de bares e restaurantes, sendo que neste ano aconteceu de modo virtual.

Leia também – Entrevista: “Produção no campo precisa estar no mesmo passo das cervejarias”

O maior uso de ingredientes nacionais já tem se tornado realidade, seja por projetos que unem cervejarias a produtores locais ou mesmo pela conquista de mais espaço para o lúpulo nacional. Ana Cláudia Pampillón, coordenadora da Rota RJ, revelou que a maioria dos produtores de lúpulo nacional já estão no terceiro ano da safra, o que significa a consolidação dessa produção. “Já temos muita coisa boa acontecendo e muitas cervejarias experimentando fazer cervejas com lúpulo brasileiro.”

Pampillón ressaltou que há uma porta a ser aberta pelas cervejarias nacionais, com a troca do lúpulo importado pelo nacional, que tem se apoiado na ciência a partir de parcerias com diversas instituições. Inclusive, ao longo dos últimos anos, há um crescente número de pessoas se especializando na atividade e até o apoio de grandes indústrias, como a Ambev e o Grupo Petrópolis, para a sua produção. “Com certeza no ano que vem teremos mais cervejarias produzindo com o lúpulo brasileiro. Temos tudo a favor disso, como o preço e a matéria-prima”, garantiu ela.

Fortalecimento da ciência
Além disso, as especialistas apostaram em mudanças na fermentação das cervejas, com o uso de leveduras que não são do gênero Saccharomyces, popularmente conhecida como fungo do açúcar, o que incluirá as que são geneticamente modificadas.

Gabriela Müller, sócia-proprietária da empresa Levteck Tecnologia, apontou um caminho parecido ao do lúpulo nacional para as leveduras, que primeiro passarão por testes das geneticamente modificadas, até que sejam comercialmente disponibilizadas. “Acho que esse será o futuro do futuro da indústria cervejeira. Onde a gente consiga construir leveduras específicas para cada processo, com características únicas e que permitam uma melhor experiência.”

Ela explicou que atualmente o isolamento e domesticação de leveduras “cervejeiras” ainda não existe no Brasil, mas que isso já ocorre para outras bebidas, como a cachaça, sendo um caminho a se seguir e que possibilitará diversas abordagens. “Minas Gerais e São Paulo são os principais focos onde temos pesquisadores isolando há 20 ou 30 anos leveduras de cachaça, etanol combustível e alguns locais trabalhando com leveduras naturais de fermentação de vinho”, completou Gabriela.

Na visão de Denise Maria Freire, pesquisadora e professora titular do Instituto de Química do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a cerveja do futuro estará ligada principalmente à sustentabilidade, com um tripé indissociável aos polos econômico, ambiental e social.

No econômico, a professora destacou o uso do lúpulo brasileiro, que provocaria redução de custos e uma menor dependência da variação de câmbio, o que pode contribuir para uma cerveja mais barata. Para ser sustentável, citou o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos, com o incentivo à economia circular e à redução das emissões de gases. Já no âmbito social, a cerveja do futuro terá mais pesquisa e desenvolvimento, gerando novas opções e ampliando o mercado de consumidores.

Para Sybilla Geraldi, coordenadora de Processo e Qualidade Cervejeira da Bohemia, a aposta na tecnologia e a busca por inovação foram aceleradas desde o início da pandemia, em uma associação que veio para ficar. “Sem dúvida nenhuma, a cerveja do futuro tem muita tecnologia e muita ciência.”

E os estilos?
Na avaliação das especialistas, a “cerveja do ano que vem” também manterá a tendência de maior consumo de IPAs, com destaque para as variações desse estilo, além das Imperial Sours, que aumentaram recentemente a sua presença no mercado.

“Não é só uma moda, terá um público realmente constante”, avaliou Luiza Lugli Tolosa, sócia-fundadora da Dádiva, que também citou a maior procura por cervejas de baixo teor alcoólico ou até mesmo sem álcool, em função da busca por mais saudabilidade, como apostas no mercado para o futuro.

2 Comentários

  • Bernard Reply

    22 de maio de 2021 at 21:26

    Faltou citar o desenvolvimento dos maltes especiais nacionais.

  • LUIZ Reply

    10 de junho de 2021 at 14:56

    Isso é super importante. Além de facilitar e baratear o preço da cerveja, gera o desenvolvimento industrial, bem como emprego e renda aos brasileiros.

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